Portugal precisa de mais imigração para melhorar a economia e o nível de vida, revela estudo

O Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) apresentou o terceiro e último capítulo da publicação “Economia & Empresas”, onde se analisa a evolução demográfica nos países da União Europeia entre 1999 e 2022.

O estudo revela que a emigração na UE, desde o início do milénio, tem sido predominantemente composta por imigrantes que, atraídos inicialmente por melhores condições de vida, acabam por sair em busca de novas oportunidades económicas noutros países.

O estudo contraria a ideia de que os imigrantes empurram os nacionais para a emigração, demonstrando que a presença de imigrantes, pelo contrário, expande o mercado interno e gera mais oportunidades de emprego e investimento.

“Em Portugal, o fraco crescimento económico e o baixo nível de vida inicial explicam a emigração de um terço dos nossos jovens”, salienta o Diretor da FEP, Óscar Afonso.

Portugal é destacado como um país com uma fraca capacidade de retenção de imigrantes, especialmente devido à sua posição periférica na UE e à falta de políticas eficazes de integração. No entanto, o estudo sugere que o atual crescimento económico, impulsionado por fatores como o PRR e o turismo, deve ser aproveitado para reter os imigrantes antes que essa dinâmica se esgote.

“Em Portugal, é preciso aproveitar as fases de maior crescimento, como a atual (impulsionada por fatores temporários como o PRR e o ‘boom’ do turismo) para reter os imigrantes atraídos por essa dinâmica antes que se esgote”, acrescenta Óscar Afonso.

Entre as recomendações do estudo, destacam-se a necessidade de reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), melhorar a integração dos imigrantes através da formação e fortalecimento da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), e estabelecer acordos com países dos PALOP para atrair mais imigrantes. A criação de um imposto especial sobre alimentos processados, como forma de apoiar o SNS, também foi sugerida.

O estudo prevê ainda que, sem mudanças significativas nas políticas, a população portuguesa poderá diminuir 5,8% até 2033, caso o crescimento económico se mantenha nos atuais 1,11% anuais. No entanto, se o país conseguir crescer a uma média de 3% ao ano, será possível estabilizar a população, com uma taxa de imigração superior à de 2022.

“Uma economia mais dinâmica e um maior nível de vida pressupõem que Portugal se organize para acolher um fluxo ainda maior de imigrantes no futuro de forma controlada, incluindo mecanismos ligados à evolução económica, como o requisito prévio de um contrato de trabalho e a auscultação das necessidades de trabalhadores das empresas, acompanhados de uma fiscalização adequada”, conclui o Diretor da FEP.

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