
“Portugal não tem nem terá nesta década problemas” de falta de água nas torneiras, assegura administradora executiva da Águas de Portugal
Mesmo perante a ameaça da seca e das alterações climáticas, Portugal não tem atualmente, nem terá nos próximos 10 anos, problemas de disponibilidade de água para consumo humano nas torneiras. A garantia é dada por Alexandra Serra, administradora executiva da Águas de Portugal.
A responsável, em entrevista ao Diário de Notícias, assinala que, no nosso país “a água disponível para consumo urbano está de ‘boa saúde’ em termos de qualidade”. Já quanto a quantidade “Portugal não tem nem terá nesta década problemas de disponibilidades de água para consumo humano”, garante.
“Mesmo em situação de seca, não faltará água na torneira dos portugueses”, continua a administradora executiva da Águas de Portugal, que no entanto ressalva que é necessário “criar quadros de compromisso entre todos os sectores utilizadores de água, de modo a garantir resiliência e fiabilidade no fornecimento de água para os diferentes usos, incluindo os usos ambientais”, já que no nosso País apenas 20% das necessidades de água são para consumo urbano, com os restantes 80% a irem para setores económicos como agricultura, o turismo ou a indústria.
Alexandra Serra defende que o caminho para chegar ao equilíbrio entre a procura sustentável e as disponibilidades de água em Portugal passa por “adotar um novo modelo de gestão holística dos recursos hídricos”, perante o contexto das alterações climáticas e o seu impacto.
“Há que gerir de forma integrada as disponibilidades geradas pelas origens de água convencionais com as chamadas origens de água ‘não convencionais’ como seja a água residual tratada para reutilização e a água dessalinizada”, indica a gestora, que reconhece que “Portugal tem ainda níveis reduzidos de reutilização de água, cerca de 1,5% do total de águas residuais tratadas nas instalações de tratamento”, mas que o valor ainda assim está próximo da média europeia, de cerca de 2,4%.
Reconhecendo problemas de escassez de água a sul, especialmente no Alentejo e no Algarve, “onde os efeitos das alterações climáticas, a par do aumento da utilização dos recursos hídricos pelos setores económicos, agravam os desequilíbrios entre oferta e procura de água “, Alexandra Serra diz que é preciso cooperação para encontrar soluções sustentáveis para uso racional e eficiente, sendo que o Plano de Eficiência Hídrica aplicado no Algarve já está a dar frutos.
“O Algarve é a região do país onde as alterações estão a ser mais rápidas e intensas, e é também a região onde as medidas do Plano de Eficiência Hídrica estão mais avançadas. O sotavento algarvio, desde o último verão e com as medidas já realizadas, dispõe hoje de mais 15 hm3 de água para consumo urbano”, aponta.