
Porto Business School quer criar um projeto de transição energética em África nos próximos dois anos
A Porto Business School (PBS) anunciou a intenção de criar um projeto de transição energética em África num prazo de dois anos, através do Africa Futures Center do Innovation X Hub.
A revelação foi feita na passada sexta-feira, durante o seminário “Diálogo África-Europa – Sinergias para um Futuro Sustentável”, que contou com a presença da ministra do Ambiente e Energia, Maria de Graça Carvalho, e do secretário de Estado da Energia, Jean Barroca.
Cândida Santos, diretora do Africa Futures Center, afirmou que o objetivo é colocar no terreno, “num prazo de dois anos”, um projeto de transição para energias renováveis num país africano, em parceria com empresas e governos. O foco inicial recairá sobre países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), por facilitar os canais de diálogo, e há já contactos estabelecidos com Cabo Verde e Moçambique.
“É um projeto ambicioso, mas exequível”, afirmou Cândida Santos, sublinhando que a transição energética em África deverá ser “justa, inclusiva e equitativa”, em linha com os princípios defendidos pela União Africana. “Não é só desenvolvimento económico ou produção de energia a qualquer preço. Nunca. Não seríamos nós a estar nesses projetos”, garantiu.
Durante o seminário promovido pela PBS, o debate centrou-se na importância da cooperação energética entre África e Europa como motor para o crescimento económico e uma transição sustentável. A ministra do Ambiente e Energia destacou o modelo pioneiro de conversão de dívida em investimento climático, desenvolvido com Cabo Verde, que entre 2022 e 2025 mobilizou 12 milhões de euros de investimento português e dois milhões de euros de fundos cabo-verdianos.
Este investimento permitiu o reforço da capacidade da central fotovoltaica de Palmarejo, na ilha de Santiago, e projetos no âmbito do Nexus água-energia, com instalação de sistemas fotovoltaicos, estações elevatórias e unidades de dessalinização. A ministra anunciou ainda o prolongamento do acordo até 2030, com uma dotação de até 42,5 milhões de euros, e a criação de novos projetos em São Tomé e Príncipe para garantir a qualidade da água.
Maria de Graça Carvalho reforçou o compromisso de Portugal em trabalhar com outros países africanos, não apenas a nível financeiro, mas também na capacitação técnica e no envolvimento do setor privado, promovendo a solidariedade internacional no combate às alterações climáticas.
Também o secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, salientou que a transição energética é um desígnio comum a África e Europa, destacando o enorme potencial de crescimento energético do continente africano. Apontou os pilares da estratégia portuguesa — sustentabilidade, competitividade e soberania energética — e defendeu a criação de plataformas de financiamento e partilha de risco que facilitem o investimento privado.
Jean Barroca concluiu sublinhando o papel da energia como fator determinante de competitividade global, especialmente perante o aumento da procura impulsionado por tecnologias emergentes como a inteligência artificial e os centros de dados. Para isso, afirmou, é essencial envolver o meio académico e assegurar uma transição justa e socialmente inclusiva.