
Por que razão há tantos aviões a cair? Cientistas avaliam uma série de incidentes recentes e deixam garantia
Em 2025, uma sucessão de acidentes com aviões comerciais ceifou, infelizmente, a vida a mais de 100 pessoas – incluindo o mais recente no Mar das Caraíbas: pelo menos, 12 pessoas morreram na passada segunda-feira na ilha de Ruatán, incluindo Aurelio Martínez, um aclamado músico hondurenho. As imagens do acidente foram terríveis: os pescadores tiveram de entrar em ação para retirar as vítimas da água.
Este acidente ocorreu apenas um mês depois de o voo 4819 da Delta Connection ter capotado durante uma aterragem forçada no Aeroporto de Toronto, felizmente sem vítimas mortais. Antes, uma colisão aérea devastadora em Washington DC, no final de janeiro último, causou a morte de todas as 67 pessoas a bordo de um voo da American Airlines e de um helicópteros do exército.
No final do ano passado, o voo 2216 da Jeju Air despenhou-se no Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul, ao embater contra um muro de betão, matando 179 pessoas. Então, porque motivo estão tantos aviões envolvidos em acidentes?
Em 2025, o número de fatalidades em acidentes a envolver aviões comerciais será superior a 100 – cerca de um terço do total do ano de 2024, ano em que se registaram 318 vítimas mortais: longe do fatídico ano de 2014, com 911 mortos.
No entanto, o profissional de segurança da aviação John Cox indicou que “não há uma degradação na segurança da aviação” e que os acidentes recentes “não estão relacionados”. “Infelizmente, houve um aumento no número de acidentes de grande impacto este ano”, explicou Cox ao tabloide britânico ‘Daily Mail’. “Mas as estatísticas gerais deixam claro que voar continua a ser o meio de transporte mais seguro; lembre-se que os EUA terão 44 mil mortes nas estradas este ano.”
Arnold Barnett, professor de estatística na MIT Sloan School of Management, disse que vê o recente aumento de acidentes como uma coincidência. “Na esmagadora maioria dos meses, não há acidentes fatais em voos regulares em qualquer parte do mundo”, apontou. “Devemos acreditar que a capacidade que produziu estes resultados estelares desapareceu subitamente no final de dezembro de 2024? Além disso, os acidentes recentes mais importantes tiveram causas muito diferentes, pelo que não oferecem qualquer evidência de um problema sistemático que se tornou muito mais perigoso.”
Até que os factos sejam conhecidos, não é sensato especular sobre o que pode ter causado qualquer acidente aéreo, destacou Simon Ashley Bennett, diretor da Unidade de Segurança Civil da Universidade de Leicester.
Mas os acidentes recentes foram causados por vários fatores, desde a colisão com aves no voo 2216 de Jeju até ao tempo com neve e vento em Toronto que impactou o voo Delta 4819. O voo 018 da Lanhsa Airlines, o mais recente incidente mortal, sofreu uma alegada falha mecânica, acreditam as autoridades. Também no final de janeiro, um Learjet 55 que operava como ambulância aérea despenhou-se em Filadélfia, matando seis pessoas a bordo e uma pessoa no solo – embora este não fosse um voo comercial.
O especialista em aviação Anthony Brickhouse salientou que o transporte aéreo continua a ser o meio de transporte mais seguro. “Estatisticamente falando, está mais seguro no seu voo do que a conduzir o seu carro até ao aeroporto”, disse à ‘CNN’ no início deste mês.
De acordo com um relatório recente da ‘BBC’, o número de acidentes aéreos em janeiro de 2025 (52) foi inferior ao de janeiro de 2024 (58) e janeiro de 2023 (70). Além disso, nas últimas duas décadas tem-se verificado uma tendência geral de diminuição dos acidentes aéreos, apesar do aumento do número total de voos.
No entanto, em 2024, o total de mortes em acidentes aéreos foi de 318, fazendo do ano passado o mais mortífero na aviação comercial desde 2018. É preocupante que, tendo em conta os incidentes fatais deste ano, o número para 2025 já tenha ultrapassado os 100.
Mas para colocar estes números em perspetiva, o número médio de voos comerciais por dia é de 105.972, de acordo com o fornecedor global de dados de aviação OAG. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) acrescentou que, em média, ocorre apenas um acidente por cada 1,26 milhões de voos.
Por último, os acidentes de aviação causados por sabotagem são responsáveis por cerca de 9% de todos os acidentes, de acordo com Wisner Baum. Os sequestros de 11 de Setembro de 2001, os acidentes do voo 990 da EgyptAir e do voo 9525 da Germanwings são, sem dúvida, alguns dos acidentes de sabotagem mais notáveis da história recente, lembrou a empresa.