
Poluição da água lidera preocupações ambientais em Portugal, revela estudo internacional
A poluição da água surge como a principal preocupação ambiental para os portugueses, de acordo com um estudo global que analisou a perceção de 30.000 pessoas em 31 países e territórios. O inquérito, realizado no final de 2024 e publicado pela WWF e pela GlobeScan, antecipa o Dia Mundial da Água e evidencia o impacto crescente da crise hídrica no planeta.
Com o agravamento da escassez e contaminação dos recursos hídricos, 78% dos portugueses consideram a poluição da água um problema “muito grave”, colocando-a no topo das preocupações ambientais. O esgotamento dos recursos naturais surge na mesma posição, também com 78%, seguido da escassez de água (73%) e da perda de biodiversidade (71%).
A preocupação dos portugueses reflete uma tendência global, onde seis em cada dez pessoas dizem sentir-se pessoalmente afetadas tanto pela poluição como pela escassez de água. Estes problemas, segundo especialistas, ameaçam não só o ambiente, mas também as comunidades e a economia.
“Os desafios da água estão no topo da lista de problemas ambientais globais das pessoas, o que não é de estranhar dada a sua necessidade absoluta para a nossa sobrevivência individual e coletiva. Em todo o mundo, a poluição, as secas, as inundações e a perda de biodiversidade de água doce estão a ameaçar cada vez mais os meios de subsistência, as comunidades e a economia. Em Portugal, as pessoas encaram as questões relacionadas com a água como problemas globais graves e já os sentem na pele em algumas zonas do país”, alerta Catarina Grilo, Diretora de Conservação e Políticas da WWF Portugal.
O estudo também aponta para uma grande expectativa em relação ao papel dos governos e empresas na proteção e conservação dos recursos hídricos. Em Portugal, 66% dos inquiridos defendem que cabe ao governo tomar medidas concretas para preservar a água, enquanto 61% acreditam que as empresas também devem assumir essa responsabilidade.
Apesar desta perceção, os participantes no estudo consideram que o desempenho das entidades públicas e privadas nesta área precisa de melhorias significativas. A urgência de ações eficazes tem-se tornado cada vez mais evidente, numa altura em que os riscos relacionados com a água se agravam.
A crise hídrica tem impactos profundos na economia e na segurança alimentar. Estima-se que a escassez de água possa reduzir o PIB de algumas regiões em até 6% até 2050. Adicionalmente, mais de metade da produção alimentar mundial corre o risco de colapsar nos próximos 25 anos devido à degradação dos recursos hídricos.
Além disso, o aumento da frequência e intensidade de fenómenos extremos, como inundações e secas, está a tornar-se um desafio crescente para a gestão dos recursos naturais. Desde 1970, as populações de espécies de água doce diminuíram 85%, revelando um declínio alarmante na biodiversidade aquática.
O estudo “Agenda do Futuro da Água: Como a água pode liderar o caminho para a sustentabilidade e a ação coletiva” sublinha que a colaboração entre governos, setor privado e sociedade civil é essencial para enfrentar estes desafios. O apelo é claro: a proteção da água doce e a sua utilização sustentável são fundamentais para garantir o equilíbrio ambiental e económico nas próximas décadas.