
Polónia vai interromper a ajuda aos refugiados ucranianos em 2024: Eslováquia ‘ameaça’ acabar com apoio a Kiev
A Polónia deverá cortar o apoio financeiro ao milhão de refugiados ucranianos atualmente acolhidos, revelou o Governo, numa medida que promete minar ainda mais os laços com o país vizinho, que ficaram tensos após o conflito sobre as importações de cereais.
O apoio aos refugiados – que inclui a isenção de requisitos de residência e a concessão de autorizações de trabalho, acesso gratuito a escolas, tratamento médico e benefícios familiares – não será prolongado no próximo ano, garantiu o porta-voz do Governo, Piotr Muller, à televisão ‘Polsat’. “Esses regulamentos vão expirar no próximo ano. E acho que não serão estendidas em grande medida.”
O Governo polaco, apesar de ter sido um dos mais fervorosos apoiantes da Ucrânia ao longo da invasão russa, oferecendo ajuda financeira e militar e disponibilizando-se para ser porta de entrada dos abastecimentos ocidentais, tem visto os laços entre os dois países deteriorar-se antes das eleições polacas de outubro – a medida é vista como uma forma de garantir o apoio dos agricultores polacos após a prorrogação da proibição das importações de cereais da Ucrânia, desafiando a decisão da União Europeia de pôr fim ao embargo.
A Polónia gastou cerca de 550 milhões de dólares em apoio às crianças de famílias ucranianas que fugiram para evitar a guerra até maio último, frisou Anna Schmidt, vice-ministra da família e da política social.
Além da Polónia, a Eslováquia ameaça igualmente ‘tirar’ o tapete à Ucrânia: o antigo primeiro-ministro Robert Fico é favorito ao triunfo nas eleições parlamentares do país, a 30 de setembro, e já prometeu reverter o apoio militar e político do país a Kiev, numa desafio direto à União Europeia e à NATO. O seu partido de esquerda Smer fez uma campanha com base numa mensagem clara pró-Rússia e antiamericana.
A sua candidatura faz parte de uma tendência cada vez mais ampla em toda a Europa: apenas a Hungria tem um governo abertamente pró-Rússia, mas na Alemanha, França, Espanha, entre outros, os partidos populistas céticos quanto à intervenção na Ucrânia têm obtido um apoio significativo.
“Se o Smer fizer parte do Governo, não enviaremos mais armas ou munições para a Ucrânia”, garantiu Fico, que se mostrou contar as sanções da UE à Rússia e pretende impedir a adesão da Ucrânia à NATO. O seu regresso ao poder poderá levar a Eslováquia a abandonar o seu percurso democrático recente, seguindo o caminho da Hungria sob o primeiro-ministro Viktor Orbán e, em menor grau, da Polónia sob o partido no poder Lei e Justiça.