
PJ faz megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos no Alentejo. Há pelo menos 28 detidos
A Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Contraterrorismo, está esta terça-feira a desenvolver uma megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos no Alentejo.
Em comunicado, enviado aos jornalistas esta manhã, a Polícia Judiciária dá conta de que a operação, no âmbito de dois inquéritos do DIAP de Évora, envolve “cerca de quatrocentos e oitenta operacionais, em várias cidades e freguesias da região do Baixo Alentejo”, e que foram cumpridos “setenta e oito Mandados de Busca domiciliária e não domiciliária”.
Nas diligências efetuadas, a PJ procedeu à detenção de, “até ao momento, 28 homens e mulheres”
As dezenas de buscas foram principalmente focadas nas zonas de Évora, Cuba, Faro do Alentejo e Alfundão.
“Os suspeitos, integram uma estrutura criminosa dedicada à exploração do trabalho de cidadãos imigrantes, na sua maioria, aliciados nos seus países de origem, tais como, Roménia, Moldávia, Ucrânia, Índia, Senegal, Paquistão, entre outros, para virem trabalhar em explorações agrícolas naquela região do nosso país”, explica a PJ.
Os elementos da rede de tráfico humano, “de nacionalidade portuguesa e estrangeira, encontram-se fortemente indiciados pela prática de crimes de associação criminosa, de tráfico de pessoas, de auxílio à imigração ilegal, de angariação de mão-se-obra ilegal, de extorsão, de branqueamento de capitais, fraude fiscal, ofensas à integridade física, posse de arma de fogo e falsificação de documentos”. Alguns dos trabalhadores marroquinos e de outras nacionalidades, contaram aos jornalistas que eram explorados e viviam em condições desumanas, em condição de semiescravidão, a trabalhar em explorações agrícolas.
Um trabalhador relatou que os elementos da rede o deixavam “sem comida e sem dinheiro”, e que era obrigado a entregar os rendimentos do trabalho aos captores para supostamente pagar alojamento e alimentação. Os trabalhadores encontravam-se em situação ilegal, após terem sido aliciados nos países de origem com melhores condições de vida e um trabalho em Portugal. Segundo a PJ, foram identificadas “dezenas de vítimas”.
O esquema era em tudo semelhante a outros já desmantelados pelas autoridades, como o caso ocorrido há um ano, também no Alentejo, em Beja e Cuba, que viu 35 detidos que pertenciam a uma rede de tráfico de seres humanos
.Foram também confiscados bens e veículos aos elementos da rede. “Esta operação contou com a colaboração da Segurança Social no encaminhamento das vítimas, com necessidades de apoio social imediato, e com o apoio logístico da Força Aérea Portuguesa”, sublinha a PJ.
Os detidos serão amanhã presentes a primeiro interrogatório policial, onde ficarão a conhecer as medidas de coação aplicadas.