Pfizer abandona desenvolvimento de medicamento para a obesidade devido a lesões no fígado em estudo clínico

A farmacêutica Pfizer vai parar o desenvolvimento do seu medicamento para a obesidade, que estava sob cuidadoso escrutínio dos investidores, num duro golpe nos esforços da empresa em competir com o medicamento ‘blockbuster’ da Novo Nordisk e da Eli Lilly. O tratamento, chamado danuglipron, foi associado a uma lesão hepática potencialmente relacionada com o medicamento num paciente inscrito num ensaio clínico, indicou a farmacêutica, em comunicado.

Como resultado, a empresa não avançará o medicamento de administração única diária para a fase final de testes e, em vez disso, investirá em tratamentos iniciais para a obesidade.

A Pfizer fez da concorrência no mercado da obesidade uma prioridade no seu plano de regresso pós-Covid. À medida que a procura por vacinas e terapias contra o coronavírus diminui, o negócio de venda de tratamentos para a perda de peso tem crescido — e prevê-se que atinja os 130 mil milhões de dólares até ao final da década.

A farmacêutica já estava atrás da concorrência. Lilly, cuja dose semanal de Zepbound atingiu rapidamente quase 5 mil milhões de dólares em vendas anuais após ter obtido aprovação nos EUA em 2023, também tem um tratamento oral em fase final de desenvolvimento. A AstraZeneca e a Structure Therapeutics, assim como outras farmacêuticas, estão a desenvolver os seus próprios medicamentos orais.

A Pfizer teve de interromper o desenvolvimento de uma versão do danuglipron para administração duas vezes por dia, depois de ter provocado as elevadas taxas de náuseas e vómitos em doentes o que levou mesmo a abandonar um estudo intermédio com cerca de 1.400 pessoas. Meses antes, a empresa abandonou outro medicamento oral contra a obesidade que apresentava efeitos preocupantes no fígado num ensaio clínico.

A notícia vai intensificar a pressão sobre o CEO da Pfizer, Albert Bourla: a empresa deverá perder cerca de 15 mil milhões de dólares em receitas até ao final da década, à medida que os principais medicamentos perdem a proteção de patente.