Perto de 100 mil portugueses têm problemas de jogo com ‘raspadinhas’. Um terço sofre de perturbação “patológica”

Os problemas de jogo com as chamadas ‘raspadinhas’ afetam 1,21% da população adulta em Portugal, o que corresponde a perto de 100 mil cidadãos nacionais, de acordo com um estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES).

Os resultados da investigação ‘Quem Paga a Raspadinha?’ que traçou o perfil dos utilizadores de ‘raspadinhas’, revelam que ,dos 100 mil portugueses com estes problemas de jogo, 30 mil (ou seja, quase um terço) têm “doença instalada, ou seja, perturbação de jogo patológico”, segundo indica ao Público Pedro Morgado, psiquiatra, investigador da Universidade do Minho e um dos autores do estudo.

De acordo com o estudo, são as pessoas com menos escolaridade quem tem maior probabilidade de serem jogadores frequentes, bem como as que têm menos rendimentos e, por isso, são mais vulneráveis economicamente.

Já as pessoas que estão em maior risco de desenvolver doenças relacionadas com o uso de ‘raspadinhas’ são também quem tem piores indicadores de saúde mental, como sintomas depressivos, ou de ansiedade, e hábitos piores no que respeita ao uso de substâncias.

Assim, alguém que tenha rendimentos entre 400 e 664 euros tem três vezes mais probabilidade de ser jogador de ‘raspadinhas’ do que quem aufere mais de 1500 euros, e quem tem o ensino básico é seis vezes mais provável de ter problemas associados a este jogo do que tem o mestrado ou doutoramento.

Os portugueses mais velhos, com 66 anos ou mais têm o dobro da probabilidade de serem utilizadores frequentes de ‘raspadinhas’, comparando com quem tem entre 18 e 36 anos.

Os investigadores destacam ainda que, perante os 30 mil jogadores de ‘raspadinhas’ com perturbação de jogo patológico, “é um fenómeno que pode estar em crescimento”.

De acordo com os dados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), em 2020 os portugueses gastaram perto de 1,4 mil milhões de euros em ‘raspadinhas’, o que corresponde a 4 milhões de euros por dia, ou 140 euros por residente num ano.

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