Pequim emite alerta de risco para turistas chineses nos EUA e recomenda “cautela”

O governo chinês emitiu esta quarta-feira um alerta de risco dirigido aos cidadãos que pretendem viajar para os Estados Unidos da América, apelando à “avaliação cuidadosa dos riscos” e à adoção de “medidas de precaução” durante as deslocações ao país norte-americano. A recomendação foi divulgada através de um comunicado oficial do Ministério da Cultura e Turismo da China, publicado no seu portal institucional.

Na nota, o ministério justifica o alerta com a “recente deterioração das relações económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos”, associando ainda a decisão à “situação de segurança interna” nos EUA, sem fornecer pormenores adicionais sobre episódios concretos que tenham motivado o aviso.

“Gostaríamos de recordar aos turistas chineses a necessidade de ponderar cuidadosamente os riscos antes de viajarem para os Estados Unidos e de adotarem uma atitude cautelosa durante a estadia”, lê-se no comunicado emitido pelas autoridades chinesas.

A emissão deste tipo de alertas por parte de Pequim insere-se num contexto mais amplo de tensão nas relações sino-americanas, que se tem agravado nos últimos meses. Entre os principais pontos de fricção estão os conflitos comerciais persistentes, agravados pelas tarifas de Trump contra a China e consequentes retaliações, medidas de restrição tecnológica aplicadas pelos EUA a empresas chinesas — como a Huawei — e divergências políticas sobre Taiwan e o Mar do Sul da China.

Além disso, a China tem vindo a manifestar preocupação com o aumento de episódios de violência e insegurança nos Estados Unidos, algo que já serviu de base a avisos semelhantes no passado. Embora o ministério não tenha especificado quais os aspetos da “segurança interna” que estão na origem deste novo alerta, os meios de comunicação oficiais do país têm reportado com frequência casos de criminalidade urbana nos EUA, incluindo ataques contra cidadãos de origem asiática.

A advertência pode ter implicações relevantes no fluxo de turistas chineses para os Estados Unidos, um mercado que representa uma fatia significativa do setor turístico norte-americano. Antes da pandemia de COVID-19, a China era uma das principais fontes de turistas internacionais para os EUA, com milhões de visitantes anuais e gastos significativos em hotelaria, comércio e transportes.

Com a emissão deste novo alerta, as autoridades chinesas passam uma mensagem clara aos seus cidadãos sobre os riscos que associam atualmente a viagens para território norte-americano, num momento em que o turismo internacional começa a recuperar.

Até ao momento, Washington não reagiu oficialmente a esta comunicação do governo chinês.