Pequenos portos estão a beneficiar da crise global na cadeia de abastecimento

A interrupção da cadeia de abastecimento global está a alterar os fluxos de carga que chegam à Grã-Bretanha e a portos menores, como Liverpool, que estão a beneficiar das circunstâncias à medida que os fornecedores procuram outras maneiras de encaminhar as cargas e minimizar as interrupções, disse o operador do porto de Liverpool, citado pela ‘Reuters’.

Graves constrangimentos têm ocorrido em todo o mundo nos últimos meses devido a um aumento na procura por produtos de retalho e congestionamentos que afetam o fornecimento de navios porta-contentores e caixas para transporte de carga.

A falta de camionistas também veio contribuir para a crise, especialmente na Grã-Bretanha, que enfrenta pressões logísticas depois de deixar a União Europeia, dado que os controlos de fronteira agora são exigidos nos portos do espaço comunitário.

As linhas de contentores usaram megaships com o tamanho de quatro campos de futebol, para transportar bens de consumo em todo o mundo; contudo, devido aos congestionamentos, esses navios estão presos enquanto aguardam para carregar ou descarregar as mercadorias.

Nas últimas semanas, as principais companhias marítimas, incluindo a Maersk e MSC, suprimiram algumas escalas no Reino Unido, incluindo Felixstowe, no leste da Inglaterra, e desviaram cargas a bordo de navios maiores para portos europeus para serem redirecionadas para embarcações menores e “transportadas” de volta para a Grã-Bretanha.

“Estamos a ver o benefício de essas cargas serem transbordadas para a Europa”, disse Mark Whitworth, presidente-executivo da Peel Ports, que opera o porto de Liverpool.

De acordo com Whitworth, navios de contentores menores de 1.500 TEU vindos da China fizeram escala em Liverpool nos últimos meses para acelerar as entregas, algo que anteriormente não era “economicamente viável” devido à escala necessária e aos custos envolvidos.

As taxas de entrega de contentores aumentaram para níveis recordes este ano, proporcionando às companhias marítimas os seus melhores ganhos dos últimos anos.

Situado no noroeste da Inglaterra, o porto de águas profundas de Liverpool tornou-se um grande centro para o norte do país, evitando o congestionamento nas entradas do sul e a escassez de motoristas do Reino Unido, o que reduziu o tempo de viagem para mercadorias.

“A consequência líquida dessa mudança é que as caixas (contentores) estão a chegar mais perto do seu destino final agora”, disse Whitworth à Reuters.

A Peel Ports, a segunda maior operadora portuária do Reino Unido, que movimenta quase 70 milhões de toneladas de carga anualmente e possui outros terminais, prevê as interrupções na cadeia de abastecimento global “por pelo menos mais um ano”.

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