Países nucleares estão a aumentar ou a melhorar arsenais à medida que as tensões geopolíticas crescem. “É uma tendência preocupante”, diz investigador
A previsão é feita pelo Instituto de Estocolmo para o Estudo da Paz Internacional (SIPRI), que revela que as nove potências nucleares deverão aumentar o melhorar os seus armamentos nucleares durante os próximos dez anos, revertendo a tendência de redução desde o final da Guerra Fria.
“Todos os Estados com armas nucleares estão a aumentar ou a melhorar os seus arsenais e a maioria está a intensificar a sua retórica nuclear e o papel das armas nucleares nas suas estratégias militares”, alerta Wilfred Wan, responsável do programa de armas de destruição massiva do SIPRI. “Esta é uma tendência muito preocupante”.
Os Estados Unidos da América e a Rússia têm, no seu conjunto, mais de 90% de todas as armas nucleares em todo o mundo. No entanto, o SIPRI destaca que esses dois países estão a respeitar os limites plasmadas no Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Em janeiro de 2022, os EUA tinham 5.428 armas nucleares e a Rússia tinha 5.977.
Os restantes sete países nucleares estão a desenvolver ou a ativar novos sistemas de armas deste género, ou já expressaram que tencionam fazê-lo.
O mais recente relatório do SIPRI aponta que a China tem em curso um plano de “expansão substancial do seu arsenal nuclear”. Imagens captadas por satélite mostram que o país está a construir mais de 300 novos silos para mísseis.
De acordo com as informações veiculadas, o Reino Unido em 2021 anunciou planos para aumentar o seu arsenal nuclear, arrepiando o caminho de redução percorrido ao longo das últimas décadas, e que deixaria de tornar públicos os dados sobre o seu arsenal, lançando críticas à Rússia e à China por adotarem a mesma postura.
“A Coreia do Norte continua a priorizar o seu programa nuclear militar como elemento central da sua estratégia de segurança nacional”, afirma o SIPRI, explicando que, apesar desse Pyongyang não ter realizado testes nucleares nem de mísseis balísticos de longo-alcance em 2021, estima-se que “o país tenha agora reunidas até 20 ogivas e possua material físsil suficiente para um total de entre 45 e 55 ogivas”.
“Se os Estados nucleares não tomarem medidas imediatas e ações concretas para o desarmamento, então os inventários globais de armas nucleares poderão em breve começar a aumentar pela primeira vez desde a Guerra Fria”, salientou Matt Korda, investigador do SIPRI e Investigador Associado Sénior do ‘Nuclear Information Project’, da Federação Americana de Cientistas.