Outubro chega com novo aumento da prestação da casa: prepare-se para uma subida que pode atingir os 167 euros. Euribor a 6 meses ultrapassa 4% pela primeira vez
As taxas Euribor têm subido de forma acentuada nos últimos meses e em outubro não espere que seja diferente: quem contraiu um crédito à habitação vai ter razões acrescidas para se preocupar este mês se tiver o seu contrato revisto. “Não podemos dizer que atingimos o pico”, alertou, em exclusivo à ‘Executive Digest’ Nuno Rico, especialista da DECO.
Quem tiver o seu contrato revisto este mês, pode esperar um aumento que pode atingir 169 euros, garantiu o especialista.
Mas vamos a números:
Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%:
3 meses: 793e, +29e face a julho, 3,862%
– se o empréstimo tem como indexante a Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar no próximo ano irá subir para 818 euros, mais 167 euros (25,65%) em relação à prestação que pagou nos últimos 12 meses (651 euros). A taxa média registada este mês – dados até ao dia 26 de setembro – foi de 4,134%.
– Já se o indexante for de 6 meses, prepare-se para entregar ao banco 806 euros, uma subida de 9,06% (cerca de 67 euros) face a abril de 2023, quando a prestação situava-se nos 739 euros. Já a taxa média situou-se no 4,009%, sendo esta “a primeira vez que ultrapassa os 4%”, anotou Nuno Rico.
– por último, se tiver um contrato a 3 meses: a taxa Euribor média é de 3,862%, o que significa um aumento da sua prestação de 3,79%: sobe de 764 para 793 mais 29 euros.
Convém sublinhar que a taxa média da Euribor diz respeito a dados até esta terça-feira, sendo expectável que até ao final desta semana possa subir de forma residual o valor médio, ou seja, um ligeiro agravamento da prestação.
“Os aumentos estão cada vez mais pequenos. Mas ainda não temos a boa notícia”
Assim, setembro representou, “em termos da evolução da Euribor, uma estabilização dos valores: ou seja, continuam a subir mas entre valores mais estáveis. Em comparação com agosto, os valore são ligeiramente acima, em todas as maturidades, com variações de 0,1 pp, o que é um salto muito ténue. Estamos neste momento num ‘planalto’, portanto uma estabilização em ligeira alta”, frisou o especialista da DECO.
“Começa a refletir-se em aumentos cada vez mais pequenos. Mas ainda não temos a boa notícia de dizer que a prestação vai ser mais baixa do que tinha em relação à última revisão. E, de acordo com as mensagens do BCE, os sinais são de que pelo menos vai manter-se. Isso pode traduzir-se que a prestação pode continuar a subir, pelo menos até ao final deste ano”, ilustrou.
O Governo apresentou diversas medidas para ajudar as famílias portuguesas com o crédito à habitação, que vão entrar em vigor a “partir de 2 de novembro. Os bancos dispõem de 15 dias para validar e fazer contas para os novos valores, podendo a partir daí os consumidores beneficiarem do travão”.
Mas como se vai refletir na prestação?
“Vejamos o exemplo, na Euribor a 12 meses, a prestação diminuiria de 818 para 699 euros, uma redução de 119 euros. O desconto não compensa os aumentos recentes, isso de certeza. Não são 30% do valor da prestação, são 30% da média da Euribor a 6 meses que vai servir como taxa de juro de referência para cálculo da nova prestação”, explicou Nuno Rico, salientando que “o travão criado pelo Governo não compensa sequer o aumento na totalidade das prestações neste último ano”.
A subida das taxas Euribor vai manter-se pelo menos até 2024, apontou o especialista. “Ainda não é possível dizermos que chegámos a um pouco. À data de hoje, podemos dizer que esta estabilização vai decorrer até ao final do ano, com pequenos aumentos, ainda em tendência de subida mas de forma muito lenta. Espera-se que no princípio de 2024 comece a entrar numa fase descendente, isto se não houver alteração da política do BCE. Se insistir em mais subidas, a montanha vai ganhar altura”, referiu.
Conclusão: as famílias portuguesas com créditos à habitação ainda não podem respirar fundo, o que fez aumentar os pedidos de ajuda à DECO.
“Tivemos um crescimento. Os pedidos de ajuda de famílias sobre-endividadas ascende aos 20 mil. Mas os pedidos de pessoas que estão a tentar renegociar o seu contrato mas não estão a conseguir já estão entre 15 e 20 contactos diários. Um número que começou a crescer significativamente desde maio último”, finalizou.