Os candidatos dos partidos a deputados: Chega apresenta menos mulheres como cabeças-de-lista; AD e PS sem jovens

A poucas semanas das legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, a composição das listas dos partidos revela uma tendência preocupante: há menos mulheres e jovens a liderar as candidaturas por distrito. De acordo com uma análise feita pela revista Sábado, o Chega é o partido com menos mulheres nas suas listas, enquanto a Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS) são os únicos que não apostaram em jovens cabeças-de-lista.

O número de mulheres a encabeçar listas eleitorais desceu de 52 em 2024 para 43 em 2025, o que representa uma redução de 18%. Esta diminuição contraria os apelos à paridade de género na política portuguesa. Se no ano passado o PS era o partido com mais mulheres como primeiras candidatas (10), este ano a liderança pertence à CDU, que apresenta 10 mulheres no topo das listas. O Chega, que já tinha sido o partido com menos representantes femininas em 2024 (com três mulheres), reduziu ainda mais esse número para apenas duas este ano.

De forma mais detalhada, em 2024, a distribuição de mulheres cabeças-de-lista pelos partidos era a seguinte: PS (10), Livre (8), PAN (8), CDU (7), Bloco de Esquerda (6), Iniciativa Liberal e AD (5 cada), e Chega (3). Em 2025, a CDU lidera com 10 mulheres, o Livre mantém as suas 8 candidatas femininas, o Bloco de Esquerda apresenta 7, o PS reduz para 6, enquanto a AD e a Iniciativa Liberal mantêm 5 cada, e o Chega apresenta apenas 2.

No que diz respeito à juventude — candidatos com até 35 anos — a tendência de redução também se verifica. Em 2024, eram 22 jovens a encabeçar listas; este ano são apenas 13, praticamente metade. Entre os partidos, o Livre mantém-se como o mais representativo dos jovens, ainda que com uma redução: passou de seis jovens cabeças-de-lista no ano passado para quatro este ano.

Em contraste, o PAN e o Bloco de Esquerda, que apresentaram cinco jovens cada em 2024, reduziram para dois e três, respetivamente. A Iniciativa Liberal também desceu de três para dois jovens candidatos. A CDU e o Chega mantêm um jovem cabeça-de-lista cada. Já a AD e o PS, tanto no ano passado como neste, continuam sem apresentar qualquer jovem a liderar listas.

Estes números indicam um retrocesso no esforço para promover maior representatividade de género e idade nas eleições legislativas. A ausência de renovação nas principais forças políticas — PS e AD — poderá tornar-se um dos temas centrais do debate político nas próximas semanas.