Opinião: Invista o seu dinheiro. Parado é que não
Nos últimos meses, os portugueses optaram por ter o seu dinheiro à ordem, mas essa não é a opção mais correta, principalmente quando o objetivo é não perder dinheiro. Sabemos que as taxas de juro dos depósitos a prazo não estão convidativas, mas existem motivos mais fortes pelos quais não deve ter as suas poupanças na conta à ordem. Ter o dinheiro parado é sinónimo de despesa. Ter o dinheiro disponível é sinónimo de tentação.
Mas, vamos por partes. Ter o dinheiro parado é sinónimo de despesa porque por pouco que renda investido, parado não rende nada. Pelo contrário, ao ter o dinheiro na conta à ordem está a perder poder de compra pelo efeito da inflação. Ter o dinheiro parado é como se estivesse a deitar para o lixo a oportunidade de o fazer render, por pouco que seja o rendimento.
E, simultaneamente, ter o dinheiro disponível é sinónimo de tentação. Se o dinheiro estiver numa conta a prazo, logo mais difícil de aceder, a probabilidade de o gastarmos é menor. Uma dupla rentabilidade porque não é gasto e ainda está a somar juros (por baixos que sejam).
Paralelamente às taxas de juro baixas, existem outros motivos para que nos últimos anos diminuíssem as taxas de poupança (liquidez) das famílias portuguesas. Falta de verba para investir, falta de confiança nas instituições ou procura por alternativas mais rentáveis, como o imobiliário, são apenas alguns exemplos. Infelizmente, estamos hoje mais permeáveis a problemas financeiros e a falta de poupanças agrava ainda mais a situação económica e social das famílias portuguesas.
É exatamente para prevenir situações de maior aperto que a Reorganiza sugere diversas alternativas para fazer render o dinheiro, ainda que no contexto atual sejam poucas e com um retorno reduzido.
Ainda assim, é certo que é melhor ter dinheiro poupado (mesmo que a render pouco) do que não ter poupança nenhuma:
1. Produtos de aforro do Estado Português, sejam certificados de aforro ou certificados do tesouro. Nestas aplicações o risco que corre é do incumprimento do Estado Português (muito pouco provável). Pode ter de imobilizar o dinheiro durante algum tempo, mas a relação risco/retorno não deixa de ser interessante face aos depósitos à ordem;
2. Depósitos a prazo em algumas instituições financeiras. Não falamos de depósitos promocionais pois acreditamos que não passam disso mesmo. Falamos de depósitos a prazo em bancos com cariz mais online e que permitem taxas anuais próximas de 1%.
3. Seguros de capitalização, aplicações financeiras contratadas junto de companhias de seguros, pensadas para prazos mais alargados e com taxas de juro também perto de 1%. Tenha em mente eventuais comissões de subscrição e/ou de resgate.
4. PPR, aplicações que não precisam de ser utilizadas apenas para a reforma. É possível contratar PPR com capital e taxa de juro garantida, sendo que algumas destas aplicações conferem ainda uma participação de resultados que é sempre positiva e que acresce ao retorno garantido. Com estes produtos é possível ter retornos superiores a 1% em alguns casos.
Para os mais ambiciosos e/ou destemidos existem opções mais rentáveis, mas também mais arriscadas. É fundamental não esquecer que existe uma relação direta entre o risco e o retorno. Se este é o seu caso, reserve parte do seu dinheiro para estas aplicações. Informe-se junto dos profissionais da área e, seja com a ajuda de especialistas ou simplesmente sozinho, invista o seu dinheiro. Parado é que não!
*João Morais Barbosa, Administrador da Reorganiza