ONU debate propostas para proteger central nuclear de Zaporíjia, tomada pelos russos

O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) vai apresentar hoje nas Nações Unidas, uma série de propostas para proteger a central nuclear ucraniana de Zaporijia, ocupada pela Rússia.

“(Rafael) Grossi tenciona informar o Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação relacionada com a segurança nuclear em Zaporijia “, numa reunião a ocorrer esta terça-feira, presidida pela Suíça, indica um comunicado da AIEA enviado à agência France-Presse.

De acordo com a notícia, Grossi pretende alcançar um acordo antes de uma eventual contra ofensiva de Kiev.

A central nuclear de Zaporijia, na Ucrânia, a maior do continente europeu, foi ocupada pelas forças russas na sequência da invasão iniciada em fevereiro do ano passado.

Recorde-se que, há uma semana a central nuclear ucraniana de Zaporijia recuperou a ligação à rede elétrica, após um corte de várias horas, com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), a insistir na necessidade de protegê-la de bombardeamentos para evitar fugas radioativas.

“Zaporijia (ZNPP) ficou sem energia elétrica durante várias horas esta manhã, o que sublinha a situação extremamente precária da segurança nuclear das instalações e a urgente necessidade de protegê-la e evitar um acidente”, declarou o diretor da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado.

Com sede em Viena, a AIEA, a agência especializada da ONU encarregada de zelar pelo uso pacífico da tecnologia atómica, enviou uma missão a Zaporijia para monitorizar a segurança da central.

Os seus especialistas informaram que a corrente elétrica externa de 750 quilowatts que lhe restava foi cortada por volta das 05h30 locais da segunda-feira da semana passada e restabelecida mais de cinco horas depois.

“Foi a sétima vez que a maior central nuclear da Europa ficou completamente desligada da rede elétrica nacional desde que começou o conflito militar na Ucrânia, há 15 meses”, referiu Grossi.

Quando estes cortes ocorrem, a central depende de geradores de emergência a gasóleo para obter a energia necessária para a refrigeração do reator e outras funções essenciais de segurança nuclear, explicou.

“Como disse em repetidas ocasiões, isto simplesmente não pode continuar assim. Estamos a brincar com o fogo. Devemos agir agora para evitar o perigo muito real de um acidente nuclear na Europa, com as consequências que implica para a população e o ambiente”, insistiu.

O diretor da AIEA assegurou que continuará a tentar obter o seu objetivo de “alcançar um acordo (com Kiev e Moscovo) sobre uma série de princípios para proteger a central durante o conflito armado, que inclua também a disponibilidade e segurança de um fornecimento externo de eletricidade permanente”.

“Trata-se de uma situação sem precedentes e de um risco único. A defesa em profundidade – fundamental para a segurança nuclear – viu-se gravemente afetada na ZNPP”, afirmou.

Rafael Grossi reiterou ainda a necessidade de a equipa da AIEA destacada na central ter acesso à central termoelétrica com o mesmo nome situada nas proximidades, uma vez que ainda não obteve a respetiva autorização da empresa nuclear estatal russa Rosatom.

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