O seu crédito à habitação é revisto em abril? Prepare-se. Aumento na prestação pode chegar aos 300 euros

A Euribor tem subido de forma acentuada nos últimos meses, levando ao aumento das prestações mensais do crédito à habitação e este mês, quem contraiu um crédito habitação, tem mais uma razão para se preocupar. A principal taxa de referência do mercado monetário da Zona Euro subiu, na passada terça-feira, a três, a seis e a 12 meses para níveis acima de 3%.

Merece especial atenção dos portugueses a taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada no país nos créditos à habitação com taxa variável – que está fixada em 3,573%.

Portanto, se o seu contrato for revisto em abril, pode esperar, naturalmente, más notícias, uma vez que a prestação da casa vai subir cerca de 310 euros, se tiver um contrato a 12 meses, segundo as simulações da DECO para a ‘Executive Digest’.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%:

– se o empréstimo tem como indexante a Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 773,64 euros, mais 307,34 euros (73,35%) em relação à prestação que pagou no último ano (466,3 euros).

– Já se o indexante for de 6 meses, prepare-se para entregar ao banco 738,96 euros, uma subida de 23,11% (138,76 euros) face a outubro de 2022, quando a prestação situava-se nos 600,2 euros.

– por último, se tiver um contrato a 3 meses: a taxa Euribor média é de 2,898%, o que significa um aumento da sua prestação de 10,9%: sobe de 637,6 para 707,33 euros, mais 69,73 euros.

“Tivemos uma evolução três vezes mais rápida do que entre 2005 e 2008”

“Isto é um aumento muito significativo e esse é o principal problema da situação que estamos a viver. A normalização das taxas de juro aconteceu de uma forma muito repentina. Tivemos uma evolução três vezes mais rápida do que entre 2005 e 2008, altura do pico da Euribor que superou os 5,5%”, adiantou Nuno Rico, especialista em assuntos financeiros da DECO PROTESTE.

“Apesar de ainda não termos atingido esses valores, o problema é a velocidade deste ajustamento, num cenário de inflação que é quatro vezes superior à de 2008.”

“Há uma agravante, o volume de crédito concedido é muito significativo, como as famílias a contraírem créditos mais elevados do que era a média na altura”, precisou. “A média dos novos contratos atualmente situa-se nos 126 mil euros. Há 8 anos, andava pelos 73 mil euros.”

“Todo este contexto preocupa-nos e os próximos tempos vão ser difíceis para as famílias portuguesas. Devido ao facto de 93% dos contratos serem de taxa variável, as famílias portuguesas são as mais expostas a nível europeu. Esta política de juros mais alta tem tendência a manter-se numa altura em que a inflação, que vai corroendo os orçamentos das famílias, tende a não baixar. É com preocupação que vemos estes dados”, observou Nuno Rico.

“Estamos já em valores limite. A partir daqui, vamos entrar em valores que vão criar dificuldades muito muito sérias às famílias. E se agravar o desemprego, o cenário vai tornar-se muito negro”, precisou.

Taxas Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro de 2022

Segundo o Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses já representa 43% do ‘stock’ de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, enquanto a Euribor a seis meses representa 32%.

Recorde-se que as Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido ao aumento da inflação na zona euro – tendência que foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

O impacto da subida das Euribor vai ser maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. O consumidor deve utilizar o simulador do crédito à habitação, disponibilizado pelo Banco de Portugal, para calcular o valor da prestação mensal e ajustar o seu orçamento familiar.

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