“O que me importa é que a segurança na rua seja efetiva”: Autarca de Loures ao lado de Moedas para que Polícia Municipal possa fazer detenções, mas rejeita rótulo de “xerife”

O presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, colocou-se ao lado do autarca de Lisboa, Carlos Moedas, ao apoiar a proposta de permitir que a Polícia Municipal possa realizar detenções, em linha com as competências dos agentes da PSP. O presidente socialista sublinhou que esta mudança não é sobre ser um “xerife,” mas sim uma resposta prática à falta de meios disponíveis nas forças de segurança.

Em entrevista à Rádio Renascença, Ricardo Leão explicou que em Loures a falta de recursos da PSP é um problema significativo. “Temos uma área geográfica, com mais de 160 mil pessoas, onde a PSP atua, e temos três ou quatro viaturas. Fomos obrigados a fazer uma aquisição e colocar mais 12 da PSP porque, caso contrário, não havia viaturas para ir para o terreno. Digo com toda a frontalidade, a mim o que me importa é que a segurança na rua seja efetiva, e seja atuante,” afirmou.

Além disso, Leão aproveitou a oportunidade para abordar a revisão da legislação relacionada com a Polícia Municipal. “Já que a senhora Ministra quer rever a própria legislação, aproveito a oportunidade para dizer que a única Polícia Municipal que pode receber gratificados é a de Lisboa e do Porto, porque a lei assim o determina. Já que vai rever a lei, reveja também esta parte, porque é importante para não haver agentes municipais de primeira e de segunda,” acrescentou, destacando a necessidade de equidade entre os municípios.

Outro ponto abordado foi a recente discussão em torno do Orçamento do Estado. Ricardo Leão criticou a forma como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, abordou a possibilidade de uma crise política no caso de o orçamento não ser aprovado. “O que eu achei estranho, confesso-lhe, foi a reação imediata que o PSD teve, ao dizer que o PS estava a ser inflexível e radical,” comentou Leão, mostrando-se surpreendido pela resposta prematura da oposição. Na opinião do autarca, “não cai nada ao mundo se o Orçamento não fosse aprovado e o país vivesse em duodécimos,” sublinhando que Marcelo Rebelo de Sousa precipitou-se ao dramatizar a situação.

Em relação às eleições autárquicas de 2025, o presidente da FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa), recentemente eleito, revelou as suas ambições para o PS. “Nós queremos sempre o melhor. Temos sete autarquias governadas pelo PS, em 11. E a resposta é óbvia, 11. Sabemos perfeitamente que em alguns casos é mais difícil que outros. Há desafios e oportunidades,” afirmou. Leão confirmou que Marcos Perestrello será o candidato do PS à Câmara de Cascais e afirmou que Duarte Cordeiro seria o único capaz de “abanar” Carlos Moedas na corrida pela capital.

Sobre a área da habitação, Ricardo Leão destacou as medidas tomadas em Loures para melhorar a gestão da habitação social. Revelou que, quando assumiu a Câmara, “55% das pessoas não pagava rendas, não pagavam rendas de 4,5€. Nós atualizámos para 10€, que é o que a lei nos permite.” Esta atualização foi fundamental para reduzir o número de incumpridores. “Posso dizer que já conseguimos baixar de 55% de incumpridores para 22%. Em janeiro irei fazer uma grande conferência de imprensa, porque ela [notícia dos despejos] foi também anunciada de forma pomposa na comunicação social. Cumprimos, baixámos 55% para 22%. Agora, esses 22% vão ser todos despejados,” afirmou, garantindo que as regras são aplicadas sem discriminação.

Sobre os resultados da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no concelho de Loures, Ricardo Leão destacou o desenvolvimento do futuro Parque Papa Francisco. “A obra está a andar, a previsão é que no final do ano, em janeiro, no máximo, esteja pronta,” revelou. O autarca espera que os lucros da JMJ sejam aplicados em Loures, em projetos ligados à juventude, e já tomou a iniciativa de contactar o novo presidente da Fundação JMJ, D. Alexandre Palma, para discutir o assunto.

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