
O que esconde o molho de soja? Especialista revela que muitas marcas têm pouco ou nenhum extrato real
Uma recente investigação revelou que algumas marcas populares de molho de soja contêm quantidades surpreendentemente baixas do ingrediente essencial, substituindo-o por uma mistura de ingredientes ultraprocessados, incluindo açúcares, caramelos e conservantes.
A revelação foi impulsionada por Helen, uma influenciadora digital irlandesa especializada em saúde e nutrição, conhecida no Instagram como @wellnesseffect_, que partilhou um vídeo viral alertando para a composição de várias marcas de molho de soja à venda nos supermercados. Helen, que reside atualmente em Newcastle upon Tyne e gere a empresa The Wellness Effect, visitou um supermercado Tesco e analisou os ingredientes de vários produtos.
Molho de soja ou “água adoçada”?
No vídeo, Helen destacou que o molho de soja “não deveria conter açúcar, xarope ou caramelo, muito menos aditivos”. Segurando uma garrafa de molho de soja light da marca própria do Tesco, alertou que o produto continha apenas 20% de extrato de soja, sendo o restante uma combinação de água, sal, três tipos diferentes de açúcar e aditivos. Segundo a lista de ingredientes publicada online pelo retalhista, o molho inclui ainda xarope de açúcar caramelizado e o conservante sorbato de potássio.
Helen prosseguiu a análise com outras marcas populares, concluindo que o Blue Dragon continha apenas 9% de extrato de soja, com o açúcar como segundo ingrediente mais predominante. A lista de ingredientes do produto, disponível online, confirma a presença de açúcar, caramelo simples e os conservantes sorbato de potássio e benzoato de sódio.
O molho de soja Amoy, segundo Helen, segue um padrão semelhante. A influenciadora concluiu que a melhor opção encontrada foi a marca Kikkoman, cujo molho contém apenas água, soja, trigo e sal, sem aditivos ou açúcares adicionados.
O impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde
Os alimentos ultraprocessados (UPFs, na sigla inglesa) têm sido alvo de críticas devido aos potenciais riscos associados ao seu consumo. Estudos sugerem uma ligação entre estes produtos e doenças como cancro e doenças cardiovasculares. Especialistas têm vindo a defender a redução drástica de UPFs na alimentação, uma vez que estes alimentos são, geralmente, ricos em corantes, adoçantes artificiais e conservantes para aumentar a sua durabilidade.
Helen reforçou este alerta, afirmando que “na realidade, muitos destes produtos são apenas água adoçada sobrevalorizada”. Acrescentou ainda que o molho de soja autêntico contém antioxidantes como as isoflavonas, que podem ajudar a proteger as células dos danos causados pelos radicais livres. No entanto, salientou que os produtos altamente processados presentes nos supermercados não oferecem estes benefícios nutricionais.
Reações dos consumidores e especialistas
A divulgação do vídeo levou a uma grande discussão nas redes sociais, com muitos utilizadores a manifestarem surpresa face às revelações. Um comentário no Instagram dizia: “Nunca pensei em verificar os ingredientes do molho de soja. Meu Deus, a partir de agora vou optar pelo Kikkoman!” Outro utilizador destacou: “Talvez algum açúcar no molho de soja não seja o pior do mundo, mas isto não é alarmismo. Está apenas a expor a dura realidade das grandes indústrias alimentares a enganar os consumidores por lucro.”
O consumo de molho de soja e os riscos associados
Com uma história de mais de 1.000 anos na culinária chinesa, o molho de soja tornou-se um ingrediente essencial em diversas cozinhas pelo mundo, valorizado pelo seu sabor umami intenso. No entanto, especialistas alertam para os riscos do consumo excessivo devido ao elevado teor de sódio. Uma colher de sopa de molho de soja pode conter cerca de 900 mg de sódio, o que representa cerca de um terço da dose diária recomendada.
O Reino Unido é um dos países europeus com maior consumo de alimentos ultraprocessados, que representam cerca de 57% da dieta nacional. Estes produtos são apontados como um dos principais fatores da obesidade, que custa ao Sistema Nacional de Saúde britânico cerca de 6,5 mil milhões de libras por ano.
Os UPFs incluem uma ampla gama de produtos populares, como refeições prontas, gelados e molhos industrializados, como ketchup. Estes alimentos diferem dos simplesmente processados, como carne curada, queijo ou pão fresco, que passam por transformações para melhorar a conservação ou sabor, sem serem altamente refinados.
Apesar das críticas, alguns especialistas argumentam que a demonização generalizada dos UPFs pode ser contraproducente, uma vez que certos produtos considerados ultraprocessados, como os filetes de peixe panados e o feijão enlatado, também podem ter valor nutricional.