“Desperdício de luxo”: poluição dos jatos privados mais do que duplica na Europa

As emissões de jatos privados dispararam na Europa, de acordo com um novo relatório do grupo ambientalista Greenpeace que verificou um total de 5,3 milhões de emissões de toneladas de CO2 nos últimos três anos.

Apesar de estar a ter grandes consequências ambientais, o número de voos disparou de quase 119 mil em 2020 para 573 mil em 2022, registando-se assim uma emissão de dióxido de carbono numa quantidade superior à do que o Uganda produz num ano, um país de cerca de 46 milhões de pessoas.

Perante resultados que destacam o impacto climático devastador das elites globais, o Greenpeace, apela à proibição dos jatos privados. “As pessoas vulneráveis estão na linha da frente da destruição do clima e são as que são empurradas para a pobreza através do aumento dos preços dos combustíveis, mas fizeram o mínimo para causar estas crises”, defendeu o ativista do Greenpeace para os transportes da União Europeia, Thomas Gelin.

Os investigadores descobriram que o número de voos de jatos privados na Europa aumentou 64 por cento no ano passado, com as emissões de CO2 a mais do que duplicar. “É extremamente injusto que as pessoas ricas possam destruir o clima desta forma”, lamentou o ativista.

O maior número de voos privados foi registado em França, depois no Reino Unido e na Alemanha, as maiores e mais ricas nações da Europa, e em distâncias inferiores a 750 quilómetros.

Quão prejudiciais são os jatos privados para o ambiente?

Os aviões privados têm emissões significativamente mais elevadas do que outros meios de transporte, sendo que uma viagem produz, em média, CO2 equivalente a conduzir um automóvel a gasolina de Paris a Roma 16 vezes.

Como tal, o Greenpeace sugeriu aos governos dos vários países e à União Europeia que proíbam os jatos privados e os voos de pequeno curso onde já exista uma ligação ferroviária razoável. “A poluição por desperdício de luxo tem de ser a primeira a ir, precisamos de uma proibição dos jatos privados”, esclareceu Gelin.

Em novembro, a Oxfam – uma confederação de 19 organizações e milhares de parceiros, que atua em mais de 90 países em questões de pobreza, desigualdade e injustiça – descobriu que os bilionários são responsáveis por um milhão de vezes mais emissões de gases com efeito de estufa do que a média das pessoas e apelou a que os mais ricos do mundo assumam uma maior responsabilidade financeira para enfrentar a emergência climática.

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