
“Número preocupante”: SNS vê saírem mais de 6 mil médicos nos últimos seis anos
O SNS viu saírem, entre 2019 e 2023, 5.043 médicos, revelou esta sexta-feira o ‘Diário de Notícias’, citando dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), sendo que em 2024 abandonaram o Serviço Nacional de Saúde mais 1.463 clínicos, 630 dos quais para a reforma. Ou seja, em seis anos, saíram 6.506 médicos do sistema público.
“O número é preocupante”, apontou Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares. “É mesmo importante que se reflita sobre a situação. Se tivéssemos criado condições para que estes médicos não saíssem, provavelmente teríamos uma boa parte dos problemas do SNS resolvidos.”
2024 registou um abrandamento da tendência de abandono dos profissionais clínicos – menos 245 saídas. No entanto, segundo o especialista, “não podemos valorizar esta descida, porque os números de abandono do SNS continuam a ser elevados”, uma tendência que se mantém este ano.
Segundo os números da ACSS, até ao final de fevereiro último saíram 265 médicos, menos do que em igual período de 2024 e 2023. No entanto, o organismo indicou que alguns dos médicos que saem regressam ao SNS com outros contratos. Em 2023, 449 dos 1.708 médicos que saíram acabaram por regressar. “O número de saídas é sempre mais elevado do que das entradas”, sendo “urgente dar-se uma resposta em termos de condições de trabalho que satisfaça todos os médicos”, apelou Xavier Barreto. “A manter-se este ritmo por mais um, dois ou três anos será insustentável para o SNS.”
“O SNS não aguentará muito mais tempo e deixará de poder cumprir o seu papel, porque vamos estar a prestar um mau serviço às pessoas. Aliás, já estamos, porque já não estamos a dar respostas dentro dos tempos clinicamente adequados”, garantiu o especialista sublinhando “ser possível criar condições para reter estes profissionais no SNS”.