
Notificações para limpeza de terreno disparam em 2025: preço chega aos mil euros por hectare e falta mão de obra no setor
Entre 16 de fevereiro e 30 de abril último, a GNR (Guarda Nacional Republicana) notificou 10.417 terrenos para ser limpos, um aumento face aos 10.251 sinalizados em 2024, no âmbito da Campanha Floresta Segura 2025: as autoridades têm apontado que os trabalhos estão a ser adiados devido à chuva, mas alertaram para a falta de mão de obra e os custos elevados para limpar o mato, que podem chegar aos mil euros por hectare.
Leiria é o distrito com maior número de terrenos identificados para limpeza (2.606): seguem-se Bragança (1162), Santarém (941), Viseu (798), Castelo Branco (657) e Braga (652). Évora (51) e Portalegre (57) são onde se registaram menos advertências.
Segundo dados da GNR avançados esta terça-feira pelo ‘Jornal de Notícias’, entre 1 de janeiro e 11 de maio deste ano diminuíram as ocorrências de incêndio, embora a área ardida tenha aumentado de 1.700 hectares (2024) para 3.700 hectares este ano, sobretudo nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real. “Notámos que os cidadãos estão a esperar até 31 de maio para fazer a gestão do combustível nas suas propriedades ou então não arranjam empresas no mercado para fazer o trabalho”, referiu o tenente-coronel Ricardo Vaz Alves, chefe da divisão técnica ambiental do SEPNA.
No entanto, no terreno a realidade é outra: a contratação destes serviços está mais cara e as empresas estão a ter dificuldades em recrutar mão de obra. É o caso da Giestas, com sede em Barcelos: a empresa especializada em serviços de limpeza florestal e urbana trabalha com mais de 20 municípios e as solicitações por parte dos privados também não param de chegar. Os preços rondam os 1.000 euros por hectare e 800 ou 900 euros para terrenos mais pequenos. “Estão a aumentar proporcionalmente à inflação, mas estamos a falar à volta dos 10% a 15%. Mas estão abaixo dos custos que temos com aquisição e manutenção de máquinas e pagamento aos trabalhadores”, indicou Luís Cortes, gestor de projetos da Giestas.
“Não é fácil arranjarmos trabalhadores para trabalharem nesta área. Estamos a recorrer muito à mão de obra estrangeira, sobretudo indianos e brasileiros, que estão mais disponíveis para o trabalho. E, mesmo assim, é escassa para as necessidades”, apontou o responsável.