“Nem protesto pelos preços altos, não compres nada”: Boicote contra escalada do custo de vida alarga-se da Croácia à Bósnia-Herzegovina e ao Montenegro

As mobilizações populares contra a escalada dos preços na Croácia deram origem a um movimento alargado, que se estende agora à Bósnia-Herzegovina e ao Montenegro. Sob o lema “Nem protesto pelos preços altos, não compres nada”, os organizadores incentivam os consumidores a boicotar o comércio como forma de pressão contra o custo de vida cada vez mais elevado.

O movimento teve início na Croácia no passado dia 24 de janeiro, com uma ação de boicote promovida por uma associação de consumidores ligada à rede de Centros Europeus do Consumidor. O protesto foi uma resposta direta à inflação persistente no país, que, segundo dados do Eurostat, registou uma taxa de 4,5% em dezembro de 2024, uma das mais altas da União Europeia.

A iniciativa consistiu num dia sem compras e visava particularmente grandes retalhistas, acusados de praticar preços superiores aos de outros mercados europeus para os mesmos produtos. A associação organizadora denunciou o que considera ser uma exploração dos consumidores croatas, apelando a um boicote mais alargado.

O sucesso da iniciativa levou à convocação de novos protestos não apenas na Croácia, mas também em países vizinhos, como a Bósnia-Herzegovina e o Montenegro. Nestes países, a insatisfação popular com o aumento do custo de vida tem vindo a crescer, alimentada por fatores como o aumento dos preços dos produtos essenciais e os baixos salários médios.

Na Croácia, a associação de consumidores reiterou o apelo a um novo boicote, desta vez mais abrangente, envolvendo não apenas o setor do retalho, mas todo o comércio. Além disso, a iniciativa pretende concentrar-se em três grandes cadeias de distribuição de capital estrangeiro, acusadas de venderem produtos a preços mais elevados na Croácia em comparação com outros mercados europeus.

Até ao momento, o governo croata não se pronunciou oficialmente sobre a mobilização, mas analistas económicos têm alertado para os efeitos prolongados da inflação no poder de compra dos cidadãos. Já os grandes retalhistas visados pela campanha têm procurado minimizar o impacto do protesto, argumentando que os preços refletem os custos operacionais e as condições de mercado.

Nos próximos dias, espera-se que os protestos ganhem ainda mais adesão, com organizações da sociedade civil a incentivarem os consumidores a pressionar os decisores políticos e empresariais para travar a escalada dos preços. O impacto da mobilização será avaliado nas próximas semanas, podendo influenciar futuras políticas económicas na região dos Balcãs.