NATO avisa Coreia do Norte para não “tirar partido” de situação em Seul

A NATO avisou hoje a Coreia do Norte para não explorar a crise na Coreia do Sul, onde o Parlamento anulou a lei marcial de emergência decretada pelo presidente do país, segundo o chefe da diplomacia italiana.

Citado pela agência ANSA, o ministro e vice-primeiro-ministro Antonio Tajani disse aos seus colegas da Aliança Atlântica que a “Coreia do Sul é um aliado” e que se está “mover num quadro complicado na região do Indo-Pacífico, com uma Coreia do Norte cada vez mais agressiva”.

“Enviámos mensagens políticas claras a Pyongyang para que não tente, de forma alguma, tirar partido de uma situação de conflito político no Parlamento sul-coreano”, afirmou o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros em Itália.

Entretanto, o governo sul-coreano anunciou que vai tomar todas as medidas possíveis para estabilizar os mercados cambiais perante a queda do won, em consequência da crise política.

“Vamos utilizar todas as medidas possíveis para estabilizar os mercados financeiros e cambiais, incluindo a disponibilização de liquidez ilimitada para fazer face à potencial instabilidade no mercado após a declaração da lei marcial”, afirmou o ministro das Finanças, Choi Sang-mok, segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

O won, que estava a ser negociado em alta em relação ao dólar antes da divulgação da notícia sobre a lei marcial, caiu e estava a descer 2% em relação à moeda norte-americana a meio da tarde.

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, declarou a lei marcial para proteger a “ordem constitucional” das atividades “anti estatais”, numa acusação direta à sua oposição liderada pelo Partido Democrático (PD).

Na comunicação transmitida pela televisão, o líder acusou o PD de integrar as “forças pró-norte-coreanas”.

O anúncio surpresa foi feito depois de o PD, que tem a maioria na Assembleia Nacional (parlamento), ter aprovado um orçamento para 2025 com vários cortes sem o apoio do Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon.

Foram ainda aprovadas moções para demitir o procurador-geral e o chefe do Conselho de Auditoria e Inspeção, que controla as contas dos organismos públicos.

Após a declaração da Lei Marcial, a Assembleia Nacional sul-coreana votou o seu levantamento numa sessão plenária extraordinária convocada pouco depois de o Presidente ter anunciado a medida excecional, com milhares de pessoas a protestarem e a pedirem a demissão do chefe de Estado.

Numa nova posição norte-americana sobre a situação em Seul, Kurt Campbell, secretário de Estado adjunto, afirmou que foi partilhada “preocupação” e que se espera que haja respeito pelo “Estado de direito”.

“Estamos a acompanhar os recentes acontecimentos na República da Coreia com grande preocupação”, afirmou o norte-americano, acrescentando que se espera que as “diferenças políticas sejam resolvidas pacificamente e de acordo com o Estado de Direito”.