Mutualista Montepio espera que venda do Finibanco Angola seja fechada até final do mês

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral disse hoje que irá ser dissolvida a ‘holding’ detida pelo Banco Montepio, no âmbito da simplificação do grupo, e que espera que a venda do Finibanco Angola seja fechada ainda este mês.

A venda do Finibanco Angola “é uma matéria que está a ser acompanhada pelo grupo, supervisores, e tudo está a correr bem”, afirmou Virgílio Lima na conferência de imprensa de apresentação dos resultados 2022 da Mutualista (lucros consolidados de 90,8 milhões de euros), acrescentando que espera que o fecho da alienação aconteça “até final deste mês”.

Em outubro, o Banco Montepio anunciou que vendeu a sua participação no Finibanco Angola ao nigeriano Access Bank. Contudo, há dúvidas sobre qual a participação do Montepio no Finibanco Angola.

Em 2010, o Montepio comprou o Finibanco e ficou também com uma participação maioritária no Finibanco Angola. Em 2015, foi feito um acordo para vender cerca de 30,57% do banco angolano a “parceiros locais”, tendo-se confirmado depois que foi ao empresário angolano Mário Palhares.

Segundo uma notícia de junho do ano passado do jornal ‘online’ Eco, foi decidido então que os compradores pagariam depois, embora ficassem imediatamente com os direitos de voto e ao dividendo, mas a mutualista só recebeu parte do dinheiro, o que criou divergências na posição detida pelo Banco Montepio no Finibanco Angola.

Nas contas de 2022, o Finibanco Angola diz que o Montepio detém 51% das suas ações. Já no relatório e contas da Associação Mutualista, hoje divulgado, esta diz que o Montepio detém 80,22% do Finibanco Angola.

Questionado sobre este tema, Virgílio Lima não respondeu remetendo para o processo de venda em curso.

Ainda em junho, o jornal ‘online’ Eco noticiou que a venda do Finibanco Angola pode representar perdas entre os 80 milhões e os 100 milhões de euros.

A Associação Mutualista Montepio Geral divulgou hoje lucros consolidados de 90,8 milhões de euros em 2022, mais 26,9% do que em 2021.

A mutualista é o topo do Grupo Montepio, que detém várias empresas, com destaque para o Banco Montepio e seguradoras Lusitânia.

Sobre uma possível abertura do capital quer das seguradoras quer do Banco Montepio, Virgílio Lima voltou a reiterar a ideia do passado de que quando estiverem ‘limpos’ os balanços destas empresas poderá então fazer sentido a entrada de parceiros internacionais para o seu capital, nomeadamente para o Banco Montepio, mas mantendo a Associação Mutualista Montepio Geral o domínio.

“Admitimos parcerias de desenvolvimento em termos internacionais, mantendo-nos como entidade titular como a lei obriga”, afirmou, mas sem adiantar qualquer data para isso acontecer.

Quanto à simplificação do grupo Montepio, que foi um dos objetivos da equipa liderada por Virgílio Lima, que em final de 2021 ganhou as eleições à liderança da mutualista, o gestor disse que, em 2022, foi feita a dissolução da ‘holding’ Montepio Seguros, passando Lusitânia, Lusitânia Vida e Futuro a reportar diretamente à casa-mãe, a Associação Mutualista.

Virgílio Lima disse que a simplificação do grupo continuará com a dissolução do Montepio Cabo Verde e com a venda do Finibanco Angola (que espera seja concretizada ainda este mês), pelo que a ‘holding’ bancária detida pelo Banco Montepio deixa de fazer sentido.

“Será um movimento natural em função da simplificação que o banco está a levar a cabo”, afirmou.

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