Multas, selfies proibidas e códigos de vestuário: As novas regras que deve conhecer antes de viajar para estes países europeus
A Europa prepara-se para um novo recorde de visitantes em 2025, mas os destinos mais procurados estão a apertar o cerco aos comportamentos desordeiros dos turistas. De Espanha à Grécia, passando por Itália e Portugal, multiplicam-se as restrições, as proibições e, sobretudo, as multas. Se está a planear férias no continente europeu este verão, convém conhecer bem as novas regras para evitar surpresas desagradáveis — e caras.
Espanha: tabaco fora da praia, nada de fatos de banho na cidade e multas até €3.000
Espanha lidera o movimento de restrição ao turismo excessivo. Em dezenas de localidades costeiras — incluindo Barcelona, as Ilhas Baleares e a Costa do Sol — está agora proibido fumar nas praias. Quem infringir pode ser multado em até €2.000. Em algumas zonas, também é ilegal reservar espreguiçadeiras na praia e abandoná-las por horas, com multas até €250.
Urinarem locais públicos — incluindo no mar — pode custar aos visitantes até €750 em locais como Marbella e Vigo. O vestuário é outra preocupação: circular em roupa de praia, fora do areal, pode render coimas nas cidades de Málaga e Barcelona.
Até a condução está sob escrutínio. Embora não seja ilegal usar chinelos ao volante, os agentes podem aplicar uma multa até €200 se considerarem o calçado inseguro.
A repressão é particularmente forte nas zonas de diversão noturna como Maiorca, Ibiza e as Canárias. Foram proibidas as festas em barcos e os “pub crawls”, enquanto o consumo excessivo de álcool em público pode levar a coimas de €3.000.
Itália: taxas de entrada, códigos de vestuário e multas por selfies
Em Itália, a pressão do turismo nos principais pontos históricos levou a novas medidas. Veneza cobra agora uma taxa de entrada entra 5 e 10 euros por visitante diário – quem não apresentar prova de pagamento arrisca uma multa que pode chegar aos 300 euros. Também estão proibidos megafones, grupos turísticos grandes e até nadar nos canais, com coimas que podem chegar aos €1.000.
Portofino impôs zonas de “paragem proibida” onde tirar selfies que atrapalhem a circulação pode custar €275. Em Garda, saltar de penhascos ou nadar em zonas perigosas já custou a turistas até €700. Até um simples jogo de futebol pode valer €600 de multa.
O código de vestuário também está em vigor em localidades costeiras como Sorrento, onde andar em fato de banho fora da praia pode ser punido com até €500.
Para limitar multidões, Pompeia passou a aceitar no máximo 20.000 visitantes por dia, enquanto o Coliseu em Roma só permite 3.000 pessoas ao mesmo tempo. Vendedores de bilhetes fraudulentos estão a ser multados.
França: álcool limitado e vigilância sobre o vestuário
Apesar do charme romântico de Paris, as autoridades francesas estão cada vez menos tolerantes. É proibido beber álcool em várias áreas públicas, mesmo junto ao Sena, e as multas podem chegar aos €135.
Na Côte d’Azur, o vestuário excessivamente revelador fora da praia — como andar de bikini ou sem camisa em Cannes — pode render multas de até €38.
Grécia: proteção do património e taxas para cruzeiros
A Grécia aposta na preservação do seu património e ecossistemas. Os passageiros de cruzeiros que desembarquem em Santorini ou Mykonos entre junho e setembro terão de pagar uma taxa de €20. Em Santorini, o número diário de visitantes por cruzeiro foi limitado a 8.000.
As praias gregas devem manter 70% da sua área livre de espreguiçadeiras. Levar conchas ou pedras da praia como recordação é ilegal em muitas zonas e pode custar até €1.000.
Nos sítios arqueológicos, há proibição de usar saltos altos — medida que visa proteger os pavimentos antigos —, com multas até €900. A entrada na Acrópole está limitada a 20.000 visitantes por dia, e os bilhetes são vendidos com hora marcada.
Croácia: silêncio, decoro e menos navios
Na Croácia, a prioridade é restaurar a ordem. Em Split, circular em roupa de praia ou roupa interior no centro histórico pode render €150 de multa. Em Hvar, beber em público durante o horário de silêncio pode custar €600.
Dubrovnik, símbolo do excesso turístico, só permite agora o desembarque de dois navios de cruzeiro por dia. Foram encerradas bancas de souvenirs, reduzido o número de cadeiras nas esplanadas e limitada a circulação de táxis. O objetivo é tornar a cidade mais habitável para residentes e visitantes.
Portugal: multas elevadas e controlo de ruído
Em Portugal, Albufeira tornou-se exemplo das novas medidas. Circular em fato de banho pela cidade pode custar até €1.500 — valor que aumenta em casos de nudez pública. Também são proibidos o consumo de álcool na rua, urinar em público e cuspir.
A poluição sonora é alvo de atenção: colunas com volume elevado estão proibidas em várias praias, com coimas que podem ascender a impressionantes €36.000. Em alguns locais, os horários dos bares foram encurtados. Em Sintra, protestos locais levaram a autarcas a considerar limitar novos hotéis.
Países Baixos: campanha contra o “turismo de festa”
Amesterdão está a tentar conter os excessos com a campanha “stay away”, direcionada a turistas que procuram festas. É proibido fumar cannabis na rua no Bairro Vermelho, os bares encerram mais cedo e os passeios em grupo estão limitados.
As festas em barcos estão sujeitas a regras mais apertadas sobre ruído e álcool. Está também proibida a construção de novos hotéis. Alguns habitantes processaram lojas tornadas virais no TikTok por atraírem multidões.
Áustria: selfies bloqueadas e dashcams proibidas
Hallstatt, a aldeia alpina que inspirou o filme Frozen, instalou temporariamente uma “barreira anti-selfies” para evitar aglomerações junto ao lago. Uma regra pouco conhecida: as dashcams são praticamente ilegais na Áustria devido a leis de privacidade. O uso pode custar até €25.000 em multa.
Alemanha: condução com boas maneiras e menos festas
Na Alemanha, comportamentos agressivos ao volante — como insultos ou gestos obscenos — são considerados “fúria na estrada” e podem render até €4.000 de multa. Em Berlim, o ruído e o consumo de álcool na rua estão sob vigilância, e o atravessamento fora da passadeira (jaywalking) é ilegal.
Chéquia: menos álcool e despedidas de solteiro controladas
Praga quer deixar para trás a imagem de capital da festa. Foram proibidas as “beer bikes”, há limites de ruído nas zonas históricas e é crescente a repressão aos pub crawls, consumo público de álcool e festas de solteiros descontroladas. Os bares podem ser multados por servir clientes já embriagados.
Chipre: comer ou beber ao volante pode sair caro
No Chipre, conduzir enquanto se come ou bebe (mesmo água) é proibido, com multas que podem surpreender turistas menos atentos.