Mortes no trabalho na UE: saiba quais são os países mais afetados e a realidade sombria de Portugal

A União Europeia registou, em 2021, cerca de 3.347 mortes no local de trabalho, segundo dados do Eurostat: Letónia e Lituânia registaram as taxas de acidentes mortais mais elevadas, sendo que Portugal surge em ‘destaque’ no que diz respeito aos acidentes não mortais: o nosso país está no terceiro posto a nível europeu.

Segundo os dados, houve, em 2021, 2,88 milhões de acidentes de trabalho não fatais em toda a UE – não tendo sido fatais, foram graves o suficiente para resultar em pelo menos quatro dias de afastamento do trabalho.

E quais são os dados de Portugal? Ora, em 2021, houve 2.368 incidentes não fatais por cada 100 mil trabalhadores no nosso país, só superado pela Dinamarca (2.814) e França (3.227). Se se considerar os acidentes fatais, Portugal registou, por cada 100 mil trabalhadores, 1,93 casos – 12º posto a nível europeu, bem longe da líder Letónia, com 4,29 incidentes.

De acordo com a UE, os acidentes de trabalho são descritos como “uma ocorrência discreta durante o trabalho que provoca danos físicos ou mentais”: isso inclui acidentes de viação durante o turno de um trabalhador, por exemplo, mas não no caminho de ida e volta para o trabalho – há países europeus, no entanto, que consideram um acidente de viação no caminho para o emprego como um acidente de trabalho.

Considera-se como tal acidente de trabalho mortal quando a morte ocorre menos de um ano após o acidente da vítima no seu local de trabalho. “Infelizmente, pode de facto afirmar-se que os acidentes de trabalho são relativamente comuns na Europa”, frisou Ignacio Doreste, conselheiro sénior da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), em declarações à ‘Euronews Business’.

Os homens são quem corre mais risco de ter um acidente de trabalho: 68,3% são vítimas de acidentes de trabalho não fatais. Uma explicação é que os homens ocupam cargos a tempo inteiro com mais frequência do que as mulheres, o que os leva a passar mais tempo no trabalho e aumenta proporcionalmente a probabilidade de ocorrência de acidentes. É na construção que se registam o mais número de acidentes mortais.

A construção, juntamente com os setores de transporte e armazenamento, indústria transformadora e agricultura, silvicultura e pesca, também respondem por dois terços dos acidentes de trabalho não fatais.

Os dados da UE indicam que todos os acidentes resultam principalmente da perda de controlo do equipamento de trabalho (transportes, ferramentas ou máquinas). Cair, tropeçar ou escorregar vêm em segundo lugar. “Os erros humanos são frequentemente percebidos como fatores inevitáveis que levam a acidentes, apesar do facto de que as verdadeiras causas subjacentes às ações humanas muitas vezes têm origens organizacionais”, defendeu Ignacio Doreste.

A CES sublinhou que é necessária uma combinação de boa legislação, redução de riscos e medidas de prevenção para evitar acidentes no local de trabalho, salientando que o papel do empregador é garantir um ambiente de trabalho seguro – incluindo a saúde mental dos seus empregados. “Projeta-se que os acidentes fatais no local de trabalho persistam até 2062 com base na taxa atual, que é sete anos a mais do que o esperado anteriormente”, revelou a CES.

“Pedimos aos órgãos governamentais europeus que aprovem legislação que proteja os trabalhadores dos riscos relacionados com as alterações climáticas”, acrescentaram, lembrando os riscos associados às recentes condições meteorológicas extremas.

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