Mistério adensa-se: Balas que mataram CEO da UnitedHealthcare tinham três mensagens escritas

O assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, ocorrido em plena luz do dia em Nova Iorque, levanta ainda uma série de mistérios. Entre eles, um detalhe macabro: mensagens gravadas nas balas e invólucros usadas no crime, que podem estar ligadas a críticas públicas ao setor das seguradoras de saúde.

A polícia de Nova Iorque (NYPD) revelou ao New York Post que as balas utilizadas no homicídio tinham palavras gravadas, incluindo “deny” (negar), “depose” (destituir) e “defend” (defender). Estas inscrições foram encontradas tanto nas balas não disparadas como nos invólucros recuperados no local, em frente ao Hilton Hotel na Sexta Avenida, onde Thompson, de 50 anos, foi alvejado.

As palavras remetem diretamente ao título de um livro publicado em 2010, “Delay, Deny, Defend”, que critica o funcionamento das seguradoras e acusa estas empresas de evitar o pagamento de indemnizações aos clientes. Thompson, que liderava a maior seguradora privada dos Estados Unidos, é citado no livro como um dos líderes mais influentes do setor.

Ataque metódico e execução profissional

O homicídio ocorreu às 6h46 da manhã, enquanto Thompson se preparava para um evento com investidores no hotel. De acordo com as autoridades, o atirador usava uma máscara e um silenciador, demonstrando um elevado grau de planeamento e perícia com armas.

Imagens de câmaras de vigilância mostram o suspeito à espera da vítima no exterior do hotel. Assim que Thompson apareceu, o atirador disparou várias vezes à queima-roupa. O CEO ainda tentou fugir, mas foi atingido novamente quando tentava rastejar para longe do agressor.

Num momento captado pelas câmaras, a arma do suspeito terá encravado, mas o atacante conseguiu resolver o problema rapidamente e continuar os disparos, indicando experiência no manuseio de armas de fogo.

Após o crime, o atirador fugiu por um beco e subiu numa bicicleta elétrica, dirigindo-se para o Central Park, onde a cobertura de câmaras de vigilância é limitada.

As pistas deixadas no local

Embora o crime tenha sido meticulosamente planeado, o assassino cometeu erros que podem ajudar na investigação. Antes do ataque, ele foi visto numa Starbucks próxima, onde comprou café, uma garrafa de água e barras energéticas. As autoridades recuperaram o copo de café e a garrafa de água de um caixote do lixo, que estão agora a ser analisados em busca de impressões digitais e DNA.

Além disso, foi encontrado um telemóvel num beco perto do hotel, que os investigadores acreditam pertencer ao suspeito. Um mandado foi obtido para aceder ao conteúdo do dispositivo, que pode fornecer pistas sobre o motivo do crime ou a identidade do atirador.

Embora a investigação ainda esteja em curso, o NYPD acredita que o ataque foi deliberado. “Com base nas provas que temos até agora, parece que a vítima foi especificamente visada. No entanto, ainda não sabemos porquê. Isto não parece ser um ato aleatório de violência,” afirmou Joe Kenny, chefe de detetives da polícia de Nova Iorque.

Thompson, cuja empresa enfrenta investigações antitrust do Departamento de Justiça, era conhecido por liderar uma seguradora com um histórico polémico de rejeição de pedidos de indemnização. Ainda assim, era amplamente respeitado no setor e vivia com a sua esposa, Paulette Thompson, e dois filhos no Minnesota.

A mulher de Thompson confirmou que a família tinha recebido ameaças antes do homicídio, mas desconhecia detalhes. “Ele mencionou que havia pessoas a ameaçá-lo, possivelmente devido à falta de cobertura em casos específicos. Não sei mais do que isso,” disse Paulette Thompson à NBC News.

Fontes próximas da investigação confirmaram que a UnitedHealthcare notificou as autoridades sobre as ameaças recebidas, embora tenham notado que, para alguém na posição de Thompson, este tipo de situação não é incomum.

A polícia lançou uma caça ao homem e está a oferecer uma recompensa de 10.000 dólares por informações que levem à captura do suspeito.