Mercenários do grupo Wagner da Rússia são vistos durante os protestos eleitorais na Venezuela

Soldados com insígnias do grupo Wagner da Rússia foram vistos entre as forças de segurança venezuelanas durante os protestos após a disputada eleição presidencial do passado dia 28, o que levantou preocupações sobre o envolvimento estrangeiro nos assuntos internos do país.

De acordo com imagens de vídeo que circulam nas redes sociais, é possível ver-se um homem de camuflado com um patch dos Wagner, com o distinto logotipo de caveira e ossos cruzados, de pé, ao lado de polícias venezuelanos durante as manifestações em Caracas. A situação foi também denunciada por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, na rede social ‘X’.

Recorde-se que eclodiram na capital venezuelana protestos depois de o atual presidente Nicolás Maduro ter reivindicado vitória nas eleições. O Conselho Eleitoral Nacional (CNE), liderado pelo aliado de Maduro Elvis Amoroso, anunciou que com 80% dos votos contados, Maduro havia garantido 51% dos votos, em comparação com 44% do candidato da oposição Edmundo González.

No entanto, a oposição rejeitou rapidamente esses resultados, afirmando que as suas próprias contagens mostravam González a vencer com 70% dos votos. O CNE até agora recusou-se a divulgar contagens detalhadas dos votos, desencadeando manifestações em todo o país e atraindo condenação internacional até mesmo de antigos aliados, como Colômbia e Brasil.

Este não é o primeiro caso relatado da presença do grupo Wagner na Venezuela: em 2019, relatou a agência ‘Reuters’, até 400 mercenários do Wagner foram enviados a Caracas para reforçar a segurança do presidente Maduro durante um período de agitação que se seguiu a uma eleição contestada. A empresa militar privada também esteve envolvida no treino de unidades de combate de elite venezuelanas.

O grupo Wagner, fundado pelo falecido magnata Yevgeny Prigozhin, tem atuado em vários conflitos, incluindo na Síria, Ucrânia e várias nações africanas. Já a Venezuela e a Rússia têm laços militares e económicos de longa data – a Rússia é uma grande credora do Governo venezuelano, tendo concedido aproximadamente 17 mil milhões de dólares em empréstimos desde 2006. Moscovo, através da sua empresa de energia estatal Rosneft, também mantém o interesse nas vastas reservas de petróleo da Venezuela, os maiores depósitos comprovados do mundo.

A suposta presença de pessoal do grupo Wagner, durante esse momento politicamente sensível, ressalta o apoio contínuo da Rússia ao regime de Maduro, mas destaca a crescente preocupação internacional sobre a influência de mercenários estrangeiros na atual turbulência política e social da Venezuela.

Líderes da oposição e atores internacionais pediram uma investigação sobre o papel dos mercenários russos na Venezuela, alertando sobre as potenciais implicações para a soberania e os processos democráticos do país.

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