Mercados globais dão ‘trambolhão’ com receios de uma recessão e fazem disparar o “Índice do Medo”

Os mercados na Europa abriram em baixa pesada nesta segunda-feira, seguindo uma sessão tumultuosa na Ásia. Entre as mais importantes praças europeias, as maiores quedas verificaram-se em Espanha e na Itália, em ambos os casos acima de 2,30%, ao passo que o Reino Unido recuou 2,09%. Mais atrás, a Alemanha deu um tombo de 1,73%, enquanto França perdeu 1,73% e o índice agregado Euro Stoxx 50 caiu 1,49%.

E a bolsa de Lisboa não escapou à derrocada. O PSI caiu 1,94%, estabelecendo-se em 6.463 pontos, principalmente devido à queda de 4,43% nos títulos da EDP, que passaram a valer 3,671 euros. Em seguida, a Mota-Engil teve uma desvalorização de 3,32%, ficando em 3,318 euros. Mais abaixo, as ações da Semapa recuaram 2,61%, encerrando a sessão a 14,16 euros, enquanto a Sonae diminuiu 2,57%, para 0,911 euros.

Os mercados japoneses, por sua vez, também estão em queda acentuada. Os índices Nikkei 225 e Topix caíram mais de 10%, arrastados para território de mercado em baixa após o Banco do Japão aumentar as taxas de juros e reduzir o seu programa de compra de obrigações. O iene japonês subiu bastante, atingindo o nível mais alto desde janeiro, à medida que os investidores venderam as suas ações e migraram para a moeda japonesa.

A reação global a dados económicos mais fracos nos EUA e a hesitação da Reserva Federal norte-americana (Fed) em cortar com as taxas de juro está a gerar pânico nos mercados. Em Wall Street, os futuros de referência estão em queda, com o Nasdaq, um índice conhecido pelas suas ações de tecnologia, a dar um trambolhão de 5%.

“Para além do receio de uma deterioração da economia americana, os investidores não ficaram impressionados com os últimos resultados dos gigantes do setor tecnológico (-4%). A Meta (+4,8%) destacou-se com bons resultados e uma previsão de receitas superior às expectativas, mas outras empresas dececionaram fortemente, como a ARM (-23,9%) e a Intel (-31,5%). A Nvidia (-5,1%) está na mira das autoridades por abuso de posição dominante após uma queixa de vários concorrentes”, escreveu o economista Tiago Martins à DECO PROteste.

Em busca de segurança, os investidores estão a virar-se para ativos tradicionais como o ouro, o iene e as obrigações do Tesouro. O Índice de Volatilidade CBOE (VIX), conhecido como o “Índice do medo”, disparou 26%, alcançando o nível mais alto desde março do ano passado.

A instabilidade no mercado japonês está a espalhar-se para outros mercados, especialmente devido às suas grandes participações no exterior. As vendas intensas de ações levaram a uma queda significativa nos rendimentos das obrigações do Tesouro, com o rendimento do Tesouro dos EUA a 10 anos a cair para 3,75%, o menor nível desde junho.

Por sua vez, o ouro subiu próximo do seu pico histórico, reforçando o seu status de ativo seguro, enquanto a Bitcoin, considerada um investimento mais arriscado, perdeu 18% desde sexta-feira e está a ser negociada a 53.400 dólares.

“Neste contexto de aversão ao risco, os valores refúgio e os setores defensivos são muito procurados pelos investidores. O ouro (+1,3%) aproxima-se do seu recorde, enquanto o setor dos serviços públicos subiu 1,8%”, acrescentou o economista.

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