“Mercado nacional tem encontrado formas de se manter competitivo”, diz fundador da KLOG
A KLOG, empresa nacional que opera no setor da logística e transportes e que assinala, agora, 10 anos de atividade, destacando-se, neste período, o ano de 2021, que ficou marcado pelos melhores resultados de sempre da empresa, concretamente pela faturação superior a 90 milhões de euros.
Egídio Lopes, managing director e fundador da empresa, criou a KLOG em julho de 2012.
Com um crescimento, face a 2020, de 14 milhões de euros, na área da logística, e de mais de um milhão de euros, na área dos transportes, o foco da KLOG para os próximos anos passa, principalmente, pela consolidação dos negócios já existentes e pela expansão da empresa, que pretende apostar na abertura de novos centros logísticos em países como Espanha e Polónia. Relativamente à faturação, a empresa prevê ultrapassar os 100 milhões de euros já em 2022, valor que se deverá fixar nos 124 milhões de euros em 2023. A empresa perspetiva mesmo, nos próximos cinco anos, que o volume de negócios se fixe nos 250 milhões de euros em Portugal, Espanha e Itália.
Em declarações à ‘Executice Digest’, o responsável partilhou as razões dos bons resultados da empresa, os objetivos de expansão a a forma como vê o mercado português, face aos restantes mercados onde operam. O responsável comentou ainda as medidas do OE2023 para as empresas.
– Quais as razões para o ano de 2021 ter apresentado os melhores resultados de sempre?
O nosso crescimento está intimamente relacionado com a redefinição da estratégia que fizemos em 2018, com o objetivo de focar o desenvolvimento predominantemente na Divisão Air&Sea e na Divisão Intermodal. Até aqui, a estratégia plurianual tem vindo a alcançar os resultados pretendidos.
– Como foi para a KLOG o período da pandemia?
Apesar de termos continuado ativos mesmo em períodos de lockdown, a pandemia teve, obviamente, um impacto direto no nosso crescimento, o que levou a que, em 2020, tivéssemos o mesmo volume de negócios de 2019. Já em 2021, não obstante o lockdown de janeiro/fevereiro, conseguimos crescer 20% face a 2020, fruto da redefinição da estratégia que fizemos em 2018.
– Quais os objetivos de expansão da KLOG?
O nosso principal objetivo passa por fazer crescer a marca KLOG em Espanha, ao longo do ano de 2023, através da criação de estruturas em 4/5 grandes locais, para alavancarmos a segunda fase de crescimento no país. Pretendemos, desta forma, atingir uma expressão e dimensão que entendemos serem aquelas que se alinham com nossa estratégia, tornando-nos num dos 10 maiores operadores logísticos a nível ibérico.
– O que diferencia o mercado português dos outros onde a empresa opera? Quais os pontos fortes e fracos?
Apesar de Portugal ser uma economia periférica na Europa – o que, ainda assim, a distingue radicalmente da perificidade absoluta, no quadro do sistema mundial –, o mercado nacional tem encontrado formas de se manter competitivo. Essencialmente, as empresas, tal como a KLOG, têm de ser capazes de encontrar novas soluções e oportunidades. Neste ponto, refira-se que a nossa visão de negócio, a capacidade de inovação, o pioneirismo e o facto de nos caraterizarmos como trend makers são as nossas principais forças, que, aliadas à proximidade que temos com os nossos clientes, service providers e colaboradores, nos permitem ser um integrador vertical, capaz de acrescentar valor à operação.
De um ponto de vista geral, a atual conjuntura de incerteza tem afetado todos os mercados a nível internacional. Ainda assim, estamos focados em adaptarmo-nos constantemente, sem perdermos o foco na estratégia e nos valores que nos diferenciam, não esquecendo, também, as necessidades de investimento contínuo em I&D.
– Estando atualmente as empresas a passar por um período de incerteza, qual o balanço da KLOG relativamente às medidas apresentadas no OE para as empresas? Que pontos faltaram cobrir?
Essencialmente, o OE2023 é, francamente, curto em relação a tudo aquilo que possam ser apoios em matéria fiscal, redução em sede de IRC de impostos para aqueles que, manifestamente, investem e criam postos líquidos de trabalho. Refira-se, também, a falta de ecoincentivos, não só para os operadores ferroviários, mas também para aqueles que promovem o transporte ferroviário intermodal, que convencem o cliente diretamente, que integram as suas cargas num universo mais alargado de diferentes agentes de transporte, rodoviário/ferroviário e terminal (portos secos) e que, no final, assumem o risco da existência de carga e de flutuações logísticas.
Esses ecoincentivos não serão um paliativo, porque não nos pugnamos por subvenções que têm como objetivo mitigar perdas, mas terão, sim, o objetivo de criar uma onda positiva de desenvolvimento sustentável na cadeia de valor para arriscarmos mais na ferrovia e, com isto, reduzirmos a pegada de CO2, de forma a sermos cada vem mais carbon neutral, com maior segurança no transporte e maior justiça social na utilização de proximidade dos agentes rodoviários/transportadores/motoristas. Esta seria a melhor maneira de evitar a larga distância que, durante muitos e muitos anos, foi sendo apontada como a única saída para um problema que, hoje, todos queremos ver resolvido.
Contudo, falta ainda juntar a vontade dos que, nos últimos anos, têm sido o motor para uma alternativa rodoviária, construindo verdadeiros corredores verdes de transporte – como foi, é e será o caso da KLOG –, mas sem qualquer apoio por parte do Governo, pois temos as ideias, as soluções e o mais importante de tudo: a confiança dos clientes. Falta alavancarmos os nossos projetos tendo, também, um suporte mais do que natural de quem nesta matéria decide em Portugal, concretamente no que diz respeito aos ecoincentivos.