Mercado imobiliário tem recuperação “notável” em 2024 apesar de ser “influenciado pela política monetária do Banco Central Europeu”
A Worx Real Estate Consultants divulgou a sua análise sobre o mercado imobiliário em Portugal no primeiro semestre de 2024, destacando as tendências atuais e previsões para o futuro próximo. Segundo Catarina Branco, Research Analyst da empresa, “o mercado de investimento continua a ser influenciado pela política monetária do Banco Central Europeu, mas os mercados de ocupação estão a recuperar significativamente”.
O investimento em imobiliário comercial (CRE) atingiu cerca de 660 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2024, uma redução de 10% face ao mesmo período em 2023, refletindo as tendências observadas na Europa, onde o investimento totalizou 72 mil milhões de euros, com um crescimento modesto de 3%.
O setor da hotelaria continua a liderar, atraindo 40% do capital investido, equivalente a 270 milhões de euros. Destaque para a venda do Sofitel Lisboa por 75 milhões de euros e a aquisição do portefólio de hotéis Amazónia por valores entre 30 e 40 milhões de euros. O setor de escritórios também foi relevante, com 120 milhões de euros investidos, impulsionado pela venda da K Tower por mais de 70 milhões de euros.
Notou-se ainda um aumento na procura por ativos alternativos, com destaque para residências de estudantes, que captaram mais de 80 milhões de euros.
As yields prime mantiveram-se estáveis desde o final de 2023, mas é esperado um ligeiro ajuste até ao início de 2025, à medida que a política monetária se suaviza.
Escritórios
No setor de escritórios, a Grande Lisboa registou a transação de 127.645 m² em 82 operações, marcando uma recuperação expressiva em relação a 2023. O Parque das Nações e as zonas emergentes foram as áreas mais procuradas, com operações significativas como a ocupação de 15.835 m² no Oriente Green Campus.
Zonas centrais como o Prime CBD também viram um aumento no número de negócios, enquanto o Centro Histórico continua com a menor taxa de disponibilidade, em torno de 3%. Este semestre viu a entrada de 44.420 m² no stock de escritórios, e mais 90.000 m² estão previstos até ao final do ano.
Retalho
O setor de retalho beneficiou da queda da inflação e da resiliência do mercado de trabalho, com um aumento de 2,8% no volume de vendas no segundo trimestre. O segmento de luxo permanece forte, exemplificado pela entrada da marca italiana Molteni&C em Lisboa.
Os retail parks também mostraram dinamismo, com novas aberturas como o Arco Retail Park e o Retail Park Vizela. As rendas prime mantiveram-se estáveis, embora ainda abaixo dos níveis de 2019.
Industrial e Logística
O setor industrial e logístico registou 415.556 m² ocupados no primeiro semestre, um aumento de 35% face ao ano anterior. A Grande Lisboa liderou a procura, com mais de um terço do total, e novos projetos, como o Hub de Distribuição da DPD em Loures, foram concluídos.
Com 14 novos projetos em construção, espera-se um acréscimo significativo de espaço no setor até ao final do ano.
Catarina Branco conclui que “apesar da robusta procura nos diferentes setores, só em 2025 é que poderemos ver um fortalecimento do mercado de investimento, com cortes adicionais nas taxas de juro finalmente esperados pelo mercado”.