Médio Oriente: presidente egípcio defende plano para palestinianos permanecerem nas suas terras

O presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi afirmou hoje, no Cairo (Egito), na cimeira árabe sobre o futuro da Faixa de Gaza, que o seu plano de reconstrução garantirá que os palestinianos permaneçam nas suas terras.

Segundo avança a agência de notícias francesa AFP, Abdel Fattah al-Sissi explicou, no seu discurso de abertura da cimeira extraordinário da Liga Árabe, que está a decorrer no Cairo, que de acordo com o plano proposto pelo Egito, os palestinianos “permanecerão nas suas terras” e a Faixa de Gaza será administrada por um comité de tecnocratas palestinianos.

O presidente egípcio apelou para que os países árabes adotem o plano preparado pelo seu país para a reconstrução da Faixa de Gaza, numa clara em resposta ao plano do presidente americano, Donald Trump, de expulsar os mais de dois milhões de palestinianos das suas terras.

“O Egito apela à adoção deste plano durante a cimeira de hoje para mobilizar o apoio regional e internacional que é fundamental para reconstruir a nação e manter a sobrevivência da terra”, disse Al-Sisi.

Os países árabes terão de ratificar este plano, cuja primeira fase – de acordo com o projeto citado pela agência de notícias espanhola Efe – custará cerca de 23 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros) e terá uma duração de dois anos.

Al-Sisi acrescentou que o Egito vai organizar uma conferência internacional no próximo mês para mobilizar fundos para a reconstrução de Gaza.

O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, afirmou hoje, no Cairo, que a Autoridade Palestiniana retomará as suas responsabilidades em Gaza ao abrigo do plano egípcio.

O Hamas, que controla o território de Gaza, apelou hoje, por seu turno, para que a cimeira da Liga Árabe, discuta o futuro da Faixa de Gaza, para que “frustre” qualquer plano de deslocação de palestinianos daquele território.

Em comunicado, citado pela AFP, o Hamas disse esperar que a Liga Árabe tenha “um papel eficaz que ponha fim à tragédia humanitária criada pela ocupação na Faixa de Gaza (…) e frustre os planos da ocupação israelita para deslocar os palestinianos”.

O Cairo acolhe hoje uma cimeira árabe de emergência, organizada pelo Governo egípcio, para debater “os mais recentes desenvolvimentos graves” na questão palestiniana com o plano norte-americano para controlar Gaza.

O plano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visa transferir os habitantes de Gaza para o Egito e Jordânia, e colocar o território palestiniano sob controlo norte-americano.

De acordo com um relatório recente da ONU, do Banco Mundial e da União Europeia, a reconstrução de Gaza poderá ascender a 53 mil milhões de dólares.

O Presidente egípcio referiu ainda que acredita “firmemente” que Trump é um líder “capaz de levar a cabo a sua missão e que o seu desejo sincero é dissipar as tensões regionais”.

Para além da reconstrução, outra grande questão é saber quem vai governar o enclave palestiniano, uma vez que não se espera que o Hamas esteja ao leme.

Al-Sisi afirmou que o seu país está a trabalhar com os palestinianos para “formar um comité administrativo independente”, composto por profissionais e tecnocratas, que será encarregado de administrar a Faixa de Gaza e terá como missão supervisionar as operações de ajuda humanitária e gerir temporariamente os assuntos do enclave, em preparação para o restabelecimento da Autoridade Palestiniana.

A importância desta cimeira reside na obtenção de um consenso árabe, algo que não foi conseguido em ocasiões anteriores.

Alguns chefes de Estado árabes decidiram não participar e enviaram representantes em seu nome, como a Argélia e a Tunísia.