Mário Centeno: “Revisão da estratégia do BCE é um boa notícia para Portugal”

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, concedeu uma entrevista ao jornal Público, uma semana depois, do Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado a revisão da sua estratégia, a primeira desde 2003.

Para o membro do conselho de governadores do BCE, “manter políticas monetárias acomodatícias em períodos de subida da inflação acima dos 2%”, também é importante para Portugal já que que dá mais tempo ao país para convergir com o resto da Europa em indicadores como o endividamento.

“Esta revisão de estratégia dá um passo muito significativo na capacidade que o BCE tem de manter políticas monetárias acomodatícias em períodos de subida da inflação acima dos 2%, desde que de forma temporária e moderada. Desse ponto de vista, creio que é uma boa notícia para a necessidade que Portugal tem de ter um período continuado de transição de convergência destes indicadores com a zona euro. Não podemos perder essa oportunidade.”, defende o antigo ministro das Finanças.

Confrontado com a possibilidade da mudança da  meta de inflação de “abaixo mas próximo para 2%” para unicamente 2%”, ser puco relevante, dado o cenário de pandemia, que o mundo atravessa, Mário Centeno explicou que “aquilo que fizemos foi trazer para a estratégia do BCE um conjunto de elementos que podem ser lidos como confirmando interpretações anteriores. Esses elementos agora ficaram enquadrados e clarificados. Do ponto de vista estatutário, não estava estabelecido o objetivo simples, claro e simétrico para a inflação”

“Para além disso, também trouxemos para cima da mesa um quadro analítico distinto daquele que existia, em que as dimensões financeiras assumem um papel muito importante e em que a análise económica é também reforçada. Temos usado a expressão holística, que é a ideia do equilíbrio geral para onde a política monetária olha quando toma decisões. E isso é muito importante, porque a política monetária estava sustentada numa análise que era essencialmente monetária e agora este quadro clarifica de forma muito transparente o papel de outras dimensões”, acrescentou.

Na semana passada, o BCE reviu a sua meta de inflação e subiu para 2%, admitindo ainda margem para ser ultrapassada, em períodos transitórios.

Em comunicado, o BCE explicou que decidiu substituir a sua atual meta de inflação, definida como um valor “abaixo mas próximo de 2%”, por uma meta mais simples, de apenas 2%.

A entidade liderada por Christine Lagarde esclareceu que o objetivo de 2% é totalmente simétrico, ou seja, que os desvios negativos e positivos da inflação face ao objetivo são igualmente “indesejáveis”.

 

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