Marinha portuguesa já realizou 66 missões de vigilância apertada a navios russos ao largo da costa nacional este ano
A presença de navios russos ao largo da costa de Portugal tem por objetivo a deslocação para outros mares e a obtenção das comunicações, indicou o major-general João Vieira Borges, citado pela publicação ‘Euronews’.
De acordo com o responsável, a Marinha portuguesa tem registado um trânsito cada vez mais intenso de navios russos na costa nacional: por águas portuguesas passaram recentemente três navios de guerra, dois navios reabastecedores de combustível, três navios de pesquisa científica e ainda um navio espião. No entanto, de acordo com o major-general, este movimento é normal e não é motivo para preocupação ou alarmismo.
“O acompanhamento quer de exercícios da NATO quer dos próprios exercícios, no âmbito dos países mais ou menos associados à Rússia quer dos próprios exercícios da Rússia, implica que haja movimentações. É que nós estamos no Atlântico e do Atlântico vão para o Báltico, e do Báltico também podem ir depois para o Ártico ou diretamente daqui. Portanto, essa movimentação é normal”, referiu o também presidente da Comissão Portuguesa de História Militar.
Para o major-general João Vieira Borges, estas movimentações também não são uma demonstração de poder da Rússia, mas decorrem do contexto atual de guerra na Ucrânia. No entanto, a presença de navios espiões também indica a obtenção de comunicações, salientou o especialista.
Esta movimentação é acompanhada por apertada vigilância, garantiu o chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Henrique Gouveia e Melo, dada a posição geopolítica de Portugal como porta de entrada na Europa. “A nossa resposta é segui-los, controlá-los, mantê-los sob pressão constante com a nossa presença também constante”, afirmou.
“Portugal, obviamente, tendo a extensão de mar que tem, quer da Zona Económica Exclusiva quer da plataforma continental, obviamente tem de fazer maior vigilância. Faz parte das suas missões, quer para proteger a soberania e a integridade territorial, quer no âmbito do seu compromisso com as organizações internacionais, designadamente com a NATO”, reforça o major-general João Vieira Borges.
Nos últimos três anos, a Marinha portuguesa realizou 126 missões de acompanhamento: em 2022, ano em que Putin invadiu a Ucrânia, verificaram-se 14 operações desse género: no ano seguinte, triplicaram para 46, sendo que em 2024, até ao momento, já foram realizadas 66 missões.