
Marine le Pen terá criado empregos fictícios para desviar fundos do Parlamento Europeu: saiba como funcionava o esquema que pode valer até 10 anos de prisão
A Procuradoria de Paris solicitou, na passada sexta-feira, a abertura de um julgamento de 27 pessoas, incluindo Marine le Pen e o seu pai, Jean Marie, por um alegado esquema de empregos fictícios que facilitou o desvio de fundos do Parlamento Europeu para a União Nacional, partido que a política liderou até novembro de 2022.
São até 11 os eurodeputados da União Nacional acusados de desviar fundos públicos, por terem pago com fundos do Parlamento Europeu a assistentes que, na realidade, trabalhavam para o partido, um crime de até 10 anos de prisão e uma multa de um milhão de euros, além de um período de inabilitação de cinco anos, o que, em caso de condenação, pode impedir nova candidatura de Le Pen à presidência francesa.
Mas como funcionava o alegado esquema? Segundo a Procuradoria de Paris, entre 2004 e 2016 esteve ativo um “sistema organizado fraudulento”, que consistiu na contratação de funcionários do partido como assistentes de eurodeputados, um facto que levou a própria Le Pen a devolver, esta semana, mais de 330 mil euros ao Parlamento Europeu. A lista inclui ainda o nome de Jean Maria le Pen, líder histórico da extrema-direita em França, o antigo ‘número 2’ do partido, Bruno Gollnisch, e o presidente da Câmara de Perpignan, Louis Aliot.
O Ministério Público francês está a investigar este caso desde dezembro de 2016, um ano depois de terem sido feitas as primeiras denúncias no Parlamento Europeu. Após diversas buscas nos escritórios dos suspeitos e nas suas residências, os investigadores encontraram indícios de que as funções destes assistentes parlamentares estavam “muito distantes das tarefas normalmente desempenhadas” por estes funcionários e eram incompatíveis com o seu trabalho a tempo inteiro.
O Parlamento Europeu estimou que entre 2009 e 2017 foram desviados cerca de 6,8 milhões de euros relacionados com pagamentos a membros da equipa. Marine le Pen, que foi eurodeputada entre 2004 e 2017, sempre negou qualquer irregularidade e o seu advogado insistiu esta semana que a entrega dos fundos reclamados pelo Parlamento Europeu não implica qualquer reconhecimento de culpa. Com o reembolso, Marine Le Pen evitou uma apreensão forçada do dinheiro.