
Março traz descida de até 110 euros na prestação da casa: médias da Euribor não estão tão baixas desde finais de 2022
Março chega com um regresso à descida nas prestações do crédito bancário: de acordo com Nuno Rico, especialista da DECO-PROteste, “apesar do cenário de incerteza, voltámos a ter tendência de descida generalizada em todas as médias da Euribor”.
Assim, explicou em exclusivo à ‘Executive Digest’, o “ritmo de descida continuou bastante bom, em média com o que tem acontecido nos últimos meses”. Ou seja, há “um dado curioso a notar: desde final de 2022, as médias Euribor não eram tão baixas”. “No caso da Euribor a seis meses, já desde novembro de 2022 que não se viam taxas tão baixas; na Euribor a três meses, desde fevereiro de 2023; por último, a de 12 meses, desde outubro de 2022”, referiu Nuno Rico.
Mas vamos a números:
Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%:
– se o empréstimo tem como indexante a Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar no próximo ano irá descer para 655 euros, menos 110 euros (14,37%) em relação à prestação que pagou nos últimos 12 meses (765 euros). A taxa média registada este mês – dados até ao dia 25 de fevereiro – foi de 2,407%.
– Já se o indexante for de 6 meses, prepare-se para entregar ao banco 671 euros, uma descida de 10,88% (82 euros) face a agosto último, quando a prestação se situava nos 753 euros. A taxa média de fevereiro fixou-se nos 2,478%.
– por último, se tiver um contrato a 3 meses: a taxa Euribor registou este mês uma média de 5,71% o que significa em fevereiro uma redução da sua prestação de 5,19%: desce de 717 para 676 euros, menos 41 euros face à prestação de dezembro último.
“Há dois fatores q explicam a evolução e a perspetiva do mercado nos próximos meses: a possível resolução do conflito na Ucrânia, o que provocaria uma melhoria global da economia, com impactos positivos nas economias europeias. Por outro lado, a política comercial americana, ainda sem medidas concretas, mas as ameaças do presidente americano de aumentar as tarifas aduaneiras à UE irão provocar impactos nas economias europeias, o que tem feito com que, neste momento, a nível de bancos centrais, haja alguma incerteza do rumo às políticas monetárias”, apontou Nuno Rico.
“Vai ser interessante ver que rumo vai ter a política europeia: o BCE enfrenta um dilema, por um lado apoiar as economias – em particular as de França e Alemanha -, mas por outro lado, a eventual aplicação de tarifas pode provocar problemas a nível de inflação e o BCE pode querer fazer pausa neste movimento de descida”, explicou. “Diria que as próximas semanas continuam marcadas pelo contexto de incerteza, mas para já, e isso é o mais importante para as famílias, estão a descer os encargos dos créditos à habitação”, concluiu.