
Maldivas proíbe entrada a cidadãos israelitas em resposta a “atrocidades contínuas” e “atos de genocídio” em Gaza
A República das Maldivas, arquipélago de maioria muçulmana situado no oceano Índico, proibiu oficialmente a entrada de cidadãos israelitas no seu território, como resposta direta ao que considera serem “atrocidades contínuas” e “atos de genocídio” cometidos por Israel contra os palestinianos na Faixa de Gaza.
A decisão, tornada pública esta terça-feira, foi ratificada pelo presidente Mohamed Muizzu após aprovação no parlamento, segundo um comunicado da Presidência maldiva. “A ratificação reflete a firme posição do Governo perante as contínuas atrocidades e os atos de genocídio cometidos por Israel contra o povo palestiniano”, lê-se na nota oficial, que sublinha que a medida foi tomada em solidariedade com a Palestina.
A proibição visa expressar o repúdio de Maldivas face à ofensiva israelita na Faixa de Gaza, que, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde do governo do Hamas, já provocou mais de 51.000 mortes entre os palestinianos desde o início do conflito, em outubro de 2023.
Tal como a maioria dos países de maioria muçulmana, Maldivas tem sido uma das vozes mais críticas da atuação israelita, exigindo que Telavive seja responsabilizada nos fóruns internacionais pelas alegadas violações do direito internacional humanitário.
Num novo apelo feito esta terça-feira, o Governo maldivo reiterou a necessidade de que Israel “preste contas perante as instâncias internacionais competentes” pelos seus atos durante o conflito armado.
Apoio à criação de um Estado palestiniano
Além da proibição de entrada de israelitas, o arquipélago reafirmou o seu apoio à criação de um Estado palestiniano soberano e independente, com base nas fronteiras prévias à guerra dos Seis Dias, de 1967 — posição tradicionalmente defendida por vários países muçulmanos e por parte da comunidade internacional.
Apesar de Maldivas ser um dos destinos turísticos mais procurados do mundo, com as suas praias de águas cristalinas e clima tropical a atrair milhões de visitantes, o impacto económico da medida deverá ser residual.
Segundo dados do Ministério do Turismo, mais de dois milhões de turistas estrangeiros visitaram o país em 2024. No entanto, o número de cidadãos israelitas que escolheram Maldivas como destino tem sido historicamente baixo: apenas 1.435 israelitas visitaram o arquipélago no ano passado, uma queda significativa face aos quase 11.000 registados em 2023 — ano em que o conflito em Gaza se intensificou.
Esta tendência confirma que, embora simbólica e politicamente significativa, a medida terá pouco efeito prático no setor turístico do país, mantendo-se o foco no seu peso diplomático e na mensagem de alinhamento com a causa palestiniana.
A decisão maldiva junta-se a um coro crescente de críticas ao governo israelita por parte de vários Estados de maioria muçulmana, num contexto internacional cada vez mais polarizado e com escassos progressos diplomáticos na resolução do conflito israelo-palestiniano.
Enquanto os esforços de mediação internacional permanecem paralisados, países como Maldivas procuram, através de medidas como esta, sinalizar a sua oposição ativa ao que consideram ser abusos graves dos direitos humanos e do direito internacional por parte de Israel.