Mais poluição, oceanos mais quentes e mais tempestades. Cientistas alertam que clima marcou novos recordes em 2021
As concentrações de gases de efeito de estufa, o nível dos mares e a temperatura dos oceanos atingiram valores sem precedentes em 2021, revela o estudo anual mais abrangente sobre os indicadores climáticos da Terra. E situação só irá piorar.
“Os dados apresentados neste relatório são claros”, aponta Rick Spinrad, responsável da agência norte-americana dos oceanos e atmosfera, a NOAA. “Vemos cada vez mais evidências científicas de que as alterações climáticas têm impactos globais e não mostram sinais de abrandamento.”
Spinrad alerta que, “com muitas comunidades a serem atingidas este ano por cheias que deveriam acontecer a cada mil anos, por secas excecionais e por um calor histórico”, “vemos que a crise climática não é uma ameaça futura, mas algo ao qual temos de responder hoje”, para podermos tornar o mundo mais resiliente às convulsões ambientais intensificadas pela atividade humana.
Este novo relatório anual que pinta um “Estado da Terra em 2021”, que contou com a participação de cientistas da NOAA e foi publicado pela Associação Meteorológica Americana, revela que as concentrações dos mais potentes gases de efeito de estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – “atingiram, uma vez mais, novos máximos em 2021”.
O dióxido de carbono (CO2) registou uma concentração global de 414,7 partes por milhão (ppm) no ano passado, o valor mais alto registado até hoje e será o mais elevado do último milhão de anos “com base em registo paleoclimáticos”, refere o estudo.
Quanto ao metano, as concentrações desse gás tóxico, com uma capacidade ainda maior do que o CO2 para reter o calor na superfície terrestre, foram de 18 partes por milhar de milhão, “a mais alta desde que as medições começaram”. Os especialistas afirmam que o aumento do metano na atmosfera “acelerou significativamente desde 2014”.
Por fim, a concentração de óxido nitroso em 2021 foi de 1,3 partes por milhar de milhão, a terceira mais elevada desde 2001.
No ano passado, a Terra aqueceu ainda mais, entre 0,21 e 0,28 graus centígrados acima da média do período 1991-2020, “colocando 2021 entre os seis anos mais quentes desde que os registos começaram nos anos 1800”. O relatório indica que os anos entre 2015 e 2021 “foram os sete anos mais quentes desde que há registo” e que a temperatura superficial global tem aumentado, em média, entre 0,08 e 0,09 graus centígrados a cada dez anos.
Relativamente aos mares e oceanos, os cientistas estimam que, ao longo dos últimos 50 anos, tenham sido responsáveis pela absorção de mais de 90% da energia que fica retida na Terra devido aos gases de efeito de estufa.
A temperatura global dos oceanos “continuou a aumentar e atingiu um novo máximo em 2021”, alerta do relatório, que também mostra que “pelo décimo ano consecutivo, a média global do nível do mar aumentou para um novo máximo” e esteve cerca de 97 centímetros acima da média de 1993.
No Ártico, apesar de 2021 ter sido o ano mais fresco desde 2013, ainda assim foi o 13.º mais quente dos últimos 122 anos, tendo sido registados “eventos de calor extremo” durante o verão do ano passado.
Também as tempestades registaram níveis acima da média, tendo sido identificadas 97 tempestades conhecidas em 2021, nos hemisférios norte e sul, durante a época das tempestades, um valor “bem acima da média de 87 entre 1991 e 2020”.