Maioria dos americanos discorda de Donald Trump sobre apoio à Ucrânia, revela sondagem

O apoio dos americanos à luta da Ucrânia contra a Rússia aumentou desde a eleição do presidente Donald Trump, de acordo com uma recente sondagem da Gallup. O inquérito revelou que 46% dos entrevistados acreditam que a administração Trump não está a fazer o suficiente para ajudar a Ucrânia — o nível mais alto registado desde que a questão começou a ser monitorizada, em agosto de 2022.

A posição da administração Trump sobre o apoio militar a Kiev tem sido ambígua, com sugestões de uma trégua de 30 dias que levantam preocupações de que os Estados Unidos possam pressionar a Ucrânia a ceder território. No entanto, segundo a sondagem divulgada esta terça-feira, a maioria dos americanos (53%) apoia a continuidade da assistência à Ucrânia para recuperar as áreas ocupadas pela Rússia, colocando Trump em desacordo com a opinião pública do país.

Entretanto, um estudo da organização norte-americana More In Common indicou que as recentes mudanças na postura de Trump relativamente à Ucrânia prejudicaram a imagem dos EUA na Europa. Segundo a pesquisa, realizada após o confronto entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, os americanos continuam a ver a França, a Alemanha e o Reino Unido como aliados, mas a perceção recíproca desses países sobre os EUA tem-se deteriorado.

Entre 3 e 11 de março, a Gallup entrevistou 2.219 adultos nos EUA sobre a política do país em relação à Ucrânia. O estudo, com uma margem de erro de 2%, revelou que quase metade (46%) dos americanos acredita que Washington não está a fazer o suficiente para ajudar Kiev — um aumento de 16 pontos percentuais desde dezembro. Em contrapartida, a percentagem de pessoas que considera que os EUA estão a fazer demasiado caiu para 30%, sete pontos abaixo do valor registado no final de 2024. Apenas 23% acreditam que o apoio é adequado, o valor mais baixo registado pela Gallup nesta questão.

Os republicanos, tradicionalmente mais céticos em relação ao apoio à Ucrânia, também registaram mudanças de opinião. Em dezembro, 56% dos republicanos acreditavam que os EUA estavam a enviar ajuda excessiva a Kiev; em março, essa percentagem caiu 11 pontos, refletindo possivelmente um maior apoio às diretrizes da administração Trump.

Outro dado relevante é o aumento de cinco pontos percentuais na percentagem de americanos que acreditam que os EUA devem continuar a apoiar a Ucrânia na recuperação do seu território, mesmo que isso prolongue o conflito. Atualmente, 53% da população defende essa abordagem, enquanto a percentagem dos que querem um fim rápido da guerra caiu para 45%.

A política externa de Trump em relação à Ucrânia tem sido alvo de críticas, especialmente após a sua decisão temporária de suspender a assistência militar e a partilha de informações de inteligência com Kiev. Embora os apoios tenham sido restabelecidos, as incertezas sobre a continuidade desse suporte permanecem.

O estudo da More In Common também destacou que, apesar da divisão política nos EUA, 81% dos americanos consideram Vladimir Putin um ditador, e 60% acreditam que a responsabilidade pela guerra recai exclusivamente sobre a Rússia. Nesse contexto, dois terços dos americanos (67%) apoiam a continuidade da assistência financeira e militar à Ucrânia até ao fim do conflito.

O relatório sugere ainda que a estratégia de Trump pode representar um risco político, dado que nem toda a sua base eleitoral partilha a sua visão sobre a guerra. “Os republicanos não seguem Trump de forma cega nesta questão, o que significa que ele pode estar a fazer uma aposta arriscada”, afirmou a More In Common.