“Maior revolução na guerra desde a invenção da pólvora”: operadores Top Gun dos drones ucranianos são já estrelas de guerra

As unidades de operadores de drones na Ucrânia não apenas criam os seus emblemas para todos os seus membros: os pilotos fazem-no agora individualmente. É o caso de El Montero, o piloto de drone que faz dupla com Dmitro, um ex-atirador de elite. Um pilota o drone de observação, o outro o drone kamikaze, que desce a toda a velocidade sobre o alvo, como tantas outras duplas atirador-observador ao serviço de Kiev. “Estava entediado de ser um atirador de elite. Antes, só conseguia atirar em soldados russos em algumas situações. Passava dias escondido numa posição. Agora posso atacá-los diariamente. Não vou dizer o número de russos mortos, mas posso dizer que a nossa unidade é uma das mais bem-sucedidas nessa frente”, apontou Dmitro, ao jornal espanhol ‘El Confidencial’.

Estes dois soldados ucranianos fazem parte dessa vanguarda, os pilotos de Top Gun que tentam deter os russos em todas as frentes da batalha, ao custo de causar enormes perdas à sua infantaria e veículos blindados. Para combatê-los, os russos também enviam as suas melhores unidades de drones contra eles, numa batalha tecnológica à distância. “Agora temos um grupo de pilotos russos à frente das nossas posições que venceram o campeonato militar em habilidades com drones. Em outras palavras, enviaram um grupo de elite para nos caçar enquanto nós os caçamos. Este é um duelo ao sol, mas por controlo remoto”, referiu El Montero.

Embora os drones sejam operados remotamente, as baixas são reais. Ambos os lados procuram as posições ocultas do inimigo durante dias, até que a partida dos drones inimigos os denuncie. Então, um enxame desses dispositivos irrompe nos abrigos com as suas ogivas explosivas.

Quando a guerra começou, os voluntários que se alistavam nos centros de recrutamento solicitavam missões como artilharia, tanques ou infantaria de assalto. Agora, todos os novos recrutas querem ser pilotos de drones, vistos como os novos heróis desta guerra, não apenas pelos danos que causam ao inimigo, mas também pela capacidade de transportar alimentos, medicamentos ou munição para as posições mais vulneráveis ​​nas linhas de frente, sem que esses mesmos soldados precisem sair e expor-se.

O recente ataque bem-sucedido à frota de bombardeiros estratégicos da Rússia com drones kamikazes baratos colocou esses pilotos mais uma vez no centro das atenções na guerra contra a Rússia. Ao contrário dos soldados ucranianos ou russos da linha de frente, que são submetidos a condições semelhantes às da II Guerra Mundial, os pilotos de drones não estão tão perto das trincheiras, conseguem ver o inimigo antes que ele os veja e são vitais para a defesa dos seus companheiros.

Alguns pilotos de drones estão a tornar-se verdadeiras estrelas da guerra: o ex-DJ de techno Artem Timofeev, suposto mentor da Operação Spider Web, e o ex-tenista ucraniano Alexander Dolgopolov, que chegou ao número 13 na lista da ATP e agora opera drones de combate, são dois dos mais conhecidos.

A ‘gamificação’ da guerra levou o Ministério da Tecnologia da Ucrânia a lançar uma iniciativa curiosa: uma competição interna que concede seis pontos a um russo morto, 20 a um tanque atingido e 30 a um tanque destruído…

O combate tecnológico é tal que, diariamente, ambos os exércitos lutam para penetrar no cérebro dos drones inimigos, ver o que eles veem e, por fim, assumir os controlos do drone para lançá-lo contra os seus antigos proprietários.

O comandante ucraniano Olexander Yabchanka, líder da unidade de assalto Da Vinci Wolves, fala com admiração de um dos seus pilotos de drones: “Tem mais de 400 abates confirmados. E agora vamos-nos concentrar em fazer o mesmo com drones terrestres”, apontou. “Estamos a testemunhar a maior revolução na guerra desde a invenção da pólvora.”