Maior produtora de motos da Europa enfrenta insolvência: milhares de trabalhadores com emprego em risco

A Pierer Mobility AG anunciou esta quinta-feira que KTM AG – a fabricante austríaca de motocicletas – está em risco de insolvência e vai solicitar uma reestruturação ao abrigo da Lei de Insolvência Austríaca: a marca anunciou, na passada terça-feira, que apresentaria os documentos necessários ao tribunal comercial em Linz até esta sexta-feira.

“A KTM AG, uma subsidiária integral da Pierer Mobility AG, solicitará o início de um processo de reestruturação judicial com autoadministração a 29 de novembro de 2024. Os requisitos de financiamento da KTM AG atualmente somam um alto valor de três dígitos de milhões. A administração agora não espera conseguir garantir o financiamento provisório necessário a tempo”, relatou, em comunicado.

“O Conselho Executivo da KTM AG decidiu, portanto, protocolar o pedido de início de um processo de reestruturação judicial com autoadministração sobre os ativos da KTM AG e as suas subsidiárias KTM Components GmbH e KTM F&E GmbH”, reforçou.

“O processo dá a oportunidade de continuar a administrar os ativos sob supervisão e reorganizar o Grupo KTM de forma independente. Todas as outras subsidiárias da KTM AG, em particular todas as empresas de vendas, não são afetadas”, salientou o comunicado oficial.

“O objetivo destes procedimentos é de chegar a acordo para um plano de reestruturação com os credores dentro de 90 dias. Redimensionar o grupo não só vai garantir a existência do grupo KTM Sportmotorcycle GmbH no futuro, mas também criar as bases para um regresso mais forte após os procedimentos. O redimensionamento da produção deverá levar ao ajuste gradual do stock em excesso da KTM e dos concessionários ao longo dos próximos dois anos. Isto irá resultar na redução da performance operacional das instalações austríacas no equivalente total a mil milhões de euros nos anos de 2025 e 2026. O processo de reestruturação vai provocar perdas adicionais, tais como os custos associados aos despedimentos de trabalhadores. Consequentemente, as perdas esperadas para o ano financeiro de 2024 são na ordem das muitas centenas de milhões de euros, devido às razões já mencionadas”, concluiu o comunicado.

De acordo com a publicação austríaca ‘DerStandard’, é necessário um financiamento de curto prazo de várias centenas de milhões de euros para evitar o colapso. Sem tais fundos disponíveis, torna-se uma necessidade de um processo judicial – o grupo tem agora 90 dias para concordar com um plano de reestruturação com os seus credores.

A empresa também anunciou que interromperia a produção em janeiro de 2025 para reduzir os stocks até março, quando será retomada a produção, embora a um ritmo menor. “Ao longo das últimas três décadas, crescemos até nos tornarmos o maior fabricante de motociclos da Europa. Inspiramos milhões de motociclistas em todo o mundo com os nossos produtos. Agora estamos a fazer uma paragem nas boxes para preparar o futuro. A marca KTM é a obra da minha vida e irei lutar por ela”, salientou Stefan Pierer, CEO e proprietário maioritário da KTM AG.

O anúncio foi uma má notícia para os 6 mil funcionários da KTM AG, dos quais 5 mil trabalham na Áustria, principalmente na fábrica principal em Mattighofen, 40 km ao norte de Salzburgo. A empresa disse que pagaria os salários de dezembro, mas não o bónus de Natal, um salário mensal adicional que todos os funcionários austríacos recebem dos seus empregadores. Mais de 700 funcionários estão prestes a perder os seus empregos, mesmo que a falência possa ser evitada, avançou o site de notícias ‘ORF.at’.

A história da marca remonta a 1934, quando Hans Trunkenpolz abriu uma oficina de reparação de automóveis em Mattighofen chamada “Kraftfahrzeuge Trunkenpolz Mattighofen” (KTM). A divisão de motocicletas foi assumida por Stefan Pierer em 1991, sendo que em 2023 vendeu 280 mil veículos em todo o mundo.