Macron alerta que força de paz europeia pode “responder” se Rússia voltar a atacar a Ucrânia

A cimeira de Paris só arranca oficialmente hoje mas o presidente francês, Emmanuel Macron, colocou já todas as cartas na mesa e afirmou ontem que uma eventual força europeia de manutenção da paz instalada na Ucrânia poderia “responder” caso a Rússia lançasse um novo ataque. A declaração ocorreu após uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e antecede a cimeira de 30 nações que se realiza esta quinta-feira, em Paris, para debater a criação dessa força, que poderá ser implementada no terreno se for alcançado um acordo de paz.

Macron explicou que as tropas europeias, caso sejam destacadas para a Ucrânia, não seriam enviadas para as linhas da frente nem entrariam em confronto direto com as forças russas desde o primeiro dia. “Seriam forças que dissuadem os russos de voltar a atacar. Ao manter o controlo de cidades importantes e bases estratégicas, demonstrariam um apoio claro por parte de vários governos europeus e aliados”, explicou.

O líder francês insistiu que a presença destas tropas não seria uma iniciativa ofensiva, mas sim uma medida de estabilização. “Não estamos na linha da frente, não vamos combater, mas estamos lá para garantir uma paz duradoura. É uma abordagem pacifista”, sublinhou.

A principal questão levantada é sobre qual seria o papel dessas tropas caso a Rússia lançasse uma nova ofensiva. Macron esclareceu que, se houvesse “uma agressão generalizada contra o território ucraniano, estas forças seriam atacadas e, nesse caso, entraria em ação o nosso quadro habitual de envolvimento”. Acrescentou ainda que “os nossos soldados, quando estão empenhados e destacados, estão lá para reagir e responder às decisões do comandante-em-chefe e, se estiverem numa situação de conflito, para responder a isso”.

Segundo Macron, “os únicos que, nesse momento, desencadeariam um conflito, uma situação bélica, seriam os russos se decidissem lançar uma nova agressão”.

Nos últimos meses, o presidente francês tem liderado esforços para formar uma coligação de países dispostos a apoiar a Ucrânia, em conjunto com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Contudo, os detalhes sobre que tipo de assistência será prestada continuam por esclarecer, bem como a forma como esse apoio poderá contribuir para assegurar um cessar-fogo sustentável com a Rússia.

A cimeira em Paris contará com 31 delegações, um número superior ao da primeira reunião realizada na capital francesa, em fevereiro. O aumento de participantes, segundo a presidência francesa, demonstra que a coligação disposta a ajudar a Ucrânia, possivelmente até com tropas no terreno, está a ganhar força.

O evento, que decorrerá no Palácio do Eliseu, será crucial para definir as diretrizes da proposta e avaliar o nível de apoio por parte dos países europeus e aliados internacionais.