
Líderes europeus em Paris para discutir Ucrânia: São estes os temas-chave na cimeira de hoje convocada por Macron
Líderes mundiais reúnem-se hoje na capital francesa para discutir garantias de segurança a longo prazo para a Ucrânia. O encontro ocorre num momento crucial, depois dos Estados Unidos terem anunciado um acordo de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia no Mar Negro.
De acordo com o Palácio do Eliseu, 31 países, incluindo aliados da NATO, estados-membros da União Europeia e nações externas ao bloco europeu, como o Reino Unido, o Canadá e a Noruega, vão participar na cimeira. O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu na noite de quarta-feira o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, para um jantar de trabalho com vista a preparar as discussões do dia seguinte.
“A França fará da continuidade e do reforço do apoio militar e financeiro à Ucrânia a sua prioridade absoluta”, afirmou o Eliseu em comunicado enviado à imprensa.
O que é a ‘Coligação dos Interessados’?
O objetivo principal desta cimeira é definir que garantias de segurança os países europeus estão dispostos a oferecer à Ucrânia, incluindo a possibilidade de envio de tropas de manutenção de paz para o terreno. A guerra desencadeada pela invasão russa entrou no seu quarto ano e continua a provocar elevados custos humanos e materiais.
Além disso, a França, o Reino Unido e a Ucrânia estão a trabalhar num tratado de paz que deverá ser apresentado aos Estados Unidos. Espera-se que este tema seja um dos pontos centrais do debate desta quinta-feira.
A realização da cimeira surge num momento de grande importância diplomática, uma vez que os EUA anunciaram um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia no Mar Negro. No entanto, as autoridades francesas estão a abordar a situação com prudência. “Ainda há um longo caminho a percorrer”, alertou uma fonte do Eliseu, sublinhando que este é apenas um “primeiro passo” e que não é suficiente para garantir um cessar-fogo duradouro.
Paris reforça que todas as iniciativas estão a ser coordenadas em total transparência com Washington. “Tudo está a ser feito em total alinhamento com os nossos parceiros americanos”, indicou o Eliseu, acrescentando que Macron irá informar o Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os resultados da cimeira.
Tensões entre os EUA e a União Europeia
As relações entre os Estados Unidos e a União Europeia têm vindo a deteriorar-se nos últimos tempos, e um incidente recente veio aumentar ainda mais as tensões. Na terça-feira, uma conversa privada entre altos responsáveis da administração Trump foi acidentalmente exposta, depois de um jornalista ter sido incluído num grupo de mensagens de segurança nacional.
Nesta conversa, o Secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, manifestou a sua frustração com os aliados europeus, afirmando: “Partilho totalmente o vosso desprezo pelo parasitismo europeu. É patético.” O comentário inflamou os ânimos em Bruxelas, exacerbando as preocupações sobre o compromisso dos EUA com a segurança europeia.
Os principais pontos em discussão
A cimeira terá vários temas centrais:
- Apoio à Ucrânia – Cada país participante deverá esclarecer qual será o seu contributo para a assistência militar e financeira ao país.
- Cessar-fogo no Mar Negro – A Ucrânia já aceitou os termos do cessar-fogo anunciado pelos EUA, mas ainda se aguarda uma resposta formal por parte da Rússia.
- Defesa europeia a longo prazo – O apoio sustentado às forças armadas ucranianas será abordado como uma estratégia essencial para impedir futuras agressões russas.
- Possível envio de tropas de manutenção de paz – Este é um dos temas mais sensíveis da cimeira. A França e o Reino Unido são favoráveis à criação de uma “força de tranquilização”, mas esta proposta enfrenta resistências dentro da União Europeia. Países como a Itália e a Polónia já manifestaram oposição a esta ideia.
O desenrolar da cimeira de hoje poderá ser determinante para a próxima fase do conflito, bem como para o papel da Europa na sua resolução. Resta saber se os líderes europeus vão conseguir um consenso sólido e eficaz para enfrentar os desafios colocados pelo conflito e pela política global.