Líderes da UE reafirmam apoio militar total à Ucrânia (mas sem a participação da Hungria)

Os líderes da União Europeia prometeram esta quinta-feira fornecer “todo o apoio militar” e garantir “garantias de segurança” à Ucrânia, num compromisso que exclui o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que continua a rejeitar iniciativas de apoio a Kiev.

As conclusões, subscritas pelos 26 Estados-membros restantes, enfatizam que a UE continuará a oferecer à Ucrânia “todo o apoio militar, assim como as garantias de segurança”, sempre tendo em conta “os interesses de segurança e defesa de todos os Estados-membros”.

Num contexto de negociações entre os Estados Unidos e a Rússia, a União Europeia reafirma a necessidade de uma paz “justa, duradoura e global”, baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas. Além disso, manifesta apoio à proposta de Washington e Kiev para uma trégua de 30 dias, que a Rússia apenas aceitou parcialmente, limitando-a a instalações energéticas.

“O Conselho Europeu faz um apelo à Rússia para que demonstre uma verdadeira vontade política de acabar com a guerra”, referem as conclusões assinadas pelos líderes europeus.

Os trabalhos da cimeira iniciaram-se com uma conversa por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual foram discutidos os desenvolvimentos no terreno e os primeiros contactos liderados por Washington para um eventual acordo de paz. De acordo com fontes europeias, os dirigentes da UE reconhecem que ainda não ocorreram negociações concretas e estão a procurar formas de garantir uma maior influência e presença da União no processo diplomático.

Independentemente das negociações em curso, a cimeira consolidou a linha de atuação da UE: continuar a apoiar a Ucrânia sem depender da Hungria. Para contornar o veto húngaro, foi criado um anexo às conclusões finais sobre a Ucrânia, assinado pelos 26 líderes restantes. “Se se mantiver a divergência estrutural, continuaremos a avançar a 26”, explicou uma fonte diplomática antes do início da reunião.

Os chefes de Estado e de Governo da UE apelam a um “reforço urgente dos esforços para responder às necessidades militares e de defesa prementes da Ucrânia” e destacam a iniciativa da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, para coordenar um apoio militar acrescido de forma voluntária.

Kallas destacou a necessidade de priorizar o fornecimento de munição de artilharia, avaliando esse apoio em 5 mil milhões de euros. Esta posição surge após a falta de consenso entre os Estados-membros para aprovar um pacote de 40 mil milhões de euros em ajuda militar para a Ucrânia em 2025.

Os líderes europeus também reafirmaram o compromisso com a ajuda financeira “regular e previsível” à Ucrânia, solicitando à Comissão Europeia que tome medidas para antecipar o financiamento do plano europeu de apoio a Kiev, assim como da iniciativa do G7. O objetivo é assegurar que a Ucrânia tem acesso aos recursos necessários para resistir à agressão russa e manter a estabilidade económica durante o conflito.