Legislativas: CNE alarmada com votos nulos dos emigrantes, que em algumas mesas ultrapassam os 40%

A contagem dos votos dos círculos da emigração continua sem previsão para terminar (será hoje), mas a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já expressou forte preocupação com o número elevado de votos nulos, que em algumas mesas ultrapassam os 40%.A ausência de documentos de identificação continua a ser a principal causa para a invalidação dos boletins. A ausência de documentos de identificação continua a ser a principal causa para a invalidação dos boletins.

A contagem dos votos dos emigrantes portugueses nas eleições legislativas antecipadas do passado dia 18 de maio prossegue pelo segundo dia consecutivo na Feira Internacional de Lisboa (FIL), mas os resultados finais dos círculos da Europa e Fora da Europa continuam sem hora prevista de divulgação. Segundo o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, André Wemans, a incerteza está relacionada com a chegada tardia de votos, muitos dos quais ainda em trânsito.

“Depende muito dos votos que ainda estão por chegar. Não temos indicação nenhuma” sobre quando será possível concluir o apuramento, afirmou Wemans em declarações à TSF.

Mais do que o calendário do apuramento, a principal preocupação da CNE neste momento é o número significativo de votos nulos. “Em algumas mesas há 40% ou mais, noutras é muito menor”, afirmou André Wemans. De acordo com o responsável, a maioria destes votos são considerados nulos devido à ausência de um documento de identificação que deve acompanhar o boletim de voto.

Esta não é uma situação nova. Já nas legislativas anteriores, em 2024, a taxa de votos nulos entre emigrantes foi elevada, situando-se nos 34%. Para tentar mitigar o problema este ano, a CNE alargou o leque de documentos aceites. “Sentimos alguma relutância em enviar a fotocópia do cartão de cidadão, por isso admitimos outros documentos”, explicou Wemans. Ainda assim, os números preliminares apontam para uma taxa de nulidade preocupante que poderá ter impacto nos resultados finais.

A importância política destes círculos é significativa: os votos dos emigrantes elegerão dois deputados pelo círculo da Europa e dois pelo círculo Fora da Europa. Mais ainda, estes resultados poderão ser decisivos para determinar qual o partido que ficará como segunda força mais votada e, consequentemente, assumirá o papel de líder da oposição — uma disputa renhida entre o Partido Socialista (PS) e o Chega.

O atraso no apuramento e a elevada taxa de votos nulos colocam assim pressão adicional sobre um processo que pode alterar substancialmente o equilíbrio político na nova legislatura. O país continua à espera dos números finais, enquanto a CNE apela à compreensão dos eleitores e reforça a necessidade de um processo eleitoral mais esclarecido e transparente para os portugueses no estrangeiro.