
Kremlin alerta que posição de Merz sobre a Ucrânia poderá agravar o conflito
O Kremlin criticou esta segunda-feira as declarações do próximo chanceler alemão, Friedrich Merz, relativas ao eventual envio de mísseis de longo alcance Taurus para a Ucrânia, alertando que tal posição poderá contribuir para uma escalada no conflito.
Durante uma entrevista à emissora pública alemã ARD, no domingo, Merz foi questionado sobre se estaria disposto a fornecer mísseis Taurus a Kiev. Em resposta, afirmou que consideraria essa possibilidade, desde que integrada num pacote de apoio mais amplo, acordado com os aliados europeus. “Isto deve ser decidido em conjunto. E, se for acordado, então a Alemanha deve participar”, declarou Merz.
Recorde-se que a Alemanha tem sido um dos principais apoiantes militares da Ucrânia, tendo concedido cerca de 7,1 mil milhões de euros em ajuda militar apenas em 2024, segundo dados do governo alemão. No entanto, até à data, Berlim recusou atender aos pedidos repetidos de Kiev para o fornecimento de mísseis Taurus, cuja capacidade de alcance ultrapassa os 480 quilómetros.
Moscovo acusa Europa de incentivar prolongamento da guerra
As declarações de Merz suscitaram uma reação imediata do Kremlin. O porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, afirmou perante os jornalistas que os comentários do futuro chanceler evidenciam uma “posição mais dura”, a qual, no seu entender, “inevitavelmente levará apenas a uma maior escalada da situação em torno da Ucrânia”.
Peskov lamentou ainda a postura das capitais europeias, sublinhando que, “infelizmente, é verdade que as capitais europeias não estão inclinadas a procurar caminhos para negociações de paz, mas estão, antes, mais propensas a fomentar a continuação da guerra”, declarou durante o briefing diário do Kremlin.
O eventual fornecimento de mísseis de longo alcance à Ucrânia representa uma questão sensível no contexto da guerra em curso, uma vez que poderá alterar o equilíbrio estratégico no terreno e aumentar os receios de um alargamento do conflito.