Kits para testar COVID-19 estão a esgotar. Laboratórios portugueses lidam com inflação de preços

A procura de testes para diagnosticar o novo coronavírus tem aumentado substancialmente e os laboratórios privados já começam a enfrentar obstáculos na aquisição dos kits para testar os pacientes, segundo afirmou, ao Observador, o antigo bastonário da Ordem dos Médicos, Germano dos Santos, também proprietário do grupo laboratorial com o seu nome.

A requisições de testes diagnósticos do novo Covid-19, no Laboratório Germano dos Santos, têm aumentado 14 vezes mais, apenas entre segunda e quinta-feira, e o número de kits disponível, não responde ao aumento da procura verificado nos últimos dias.

O responsável dá ainda nota de que o aumento dos pedidos de análise conduziu a uma diminuição repentina das sondas em armazém que, mesmo depois de encomendadas, demoram a chegar. Isto porque «as companhias estrangeiras não as despacham a tempo, a produção também não é suficiente e tem havido alguns atrasos na alfândega», explica.

Os testes, devido à precisão necessária para que seja possível identificar o genoma do vírus, são caros (cerca de 200 euros) e sob a pressão da evolução da pandemia, estão a ser vendidos aos laboratórios privados com preços inflacionados, refere o médico.

Germano de Sousa indica ainda que o número de pedidos de análise subiu repentinamente de nove para mais de 130, registados nesta quinta-feira. Os laboratórios que lidera realizaram mais de 330 análises em apenas quatro dias, 14 das quais com resultados positivos para o novo Covid-19, casos que foram de imediato reportados à Direcção Geral de Saúde.

Os laboratórios Germano de Sousa aceitam apenas pedidos de análise acompanhados de receita médica, uma situação que já não é transversal a todas as entidades. «Não podemos abusar e aproveitar a ansiedade de ninguém. Como médico, sigo esse procedimento no laboratório», assegura, ao ‘Observador’.

O médico revela ainda que é pouco precisa a realização de testes indiscriminadamente, por quem não tem sintomas.«A probabilidade de um teste surgir com um falso positivo é elevado por não haver uma carga viral significativa», o que não só «dá uma sensação de falsa segurança» aos clientes, como pode constituir um problema de saúde pública. As pessoas têm comportamentos que não protegem os outros, andam sem máscara e podem tornar-se fontes de replicação da doença», conclui o responsável.

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