José Sócrates terá recebido 8 milhões de euros do amigo e ‘testa de ferro’ Santos Silva

Oito milhões de euros: este é o montante que, de forma direta ou indireta, Carlos Santos Silva fez chegar a José Sócrates, revelou esta segunda-feira o ‘Correio da Manhã’.

O valor avançado pelo amigo e alegado ‘testa de ferro’ ao antigo primeiro-ministro foi apurado pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês, o que levou os juízes desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa a concluir, no acórdão, que “ninguém gasta milhões que não lhe pertencem”.

Recorde-se que o antigo primeiro-ministro e o empresário Carlos Santos Silva vão a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais, mas não vão ser julgados por três crimes de falsificação de documentos.

Para o tribunal, “há consistentes indícios de que José Sócrates é o homem do fundo” e esses indícios “demonstram que Carlos Santos Silva é a pessoa nomeada por José Sócrates” para movimentar o dinheiro entre 2011 e 2014 para as contas do antigo primeiro-ministro.

Em causa está um processo que acabou por ser separado da Operação Marquês e no âmbito do qual o juiz Ivo Rosa mandou para julgamento, em abril de 2021, José Sócrates e o empresário Carlos Santos Silva pela alegada prática, em coautoria, de três crimes de branqueamento de capitais e outros tantos de falsificação de documento.

A 3 de julho está marcado o arranque do julgamento da Operação Marquês. Neste processo, o antigo primeiro-ministro será julgado por três crimes de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude.

Apesar da prescrição dos crimes de falsificação, continuam em apreciação três alegados crimes de branqueamento de capitais também imputados a Sócrates e a Carlos Santos Silva. Estes terão envolvido não só os contratos de prestação de serviços e o arrendamento em Paris, mas também a utilização de contas bancárias de terceiros, cujos nomes não foram divulgados, para ocultar fundos de origem ilícita.