IVA zero: Portugueses aproveitam alívio da medida para gastar mais em cerveja, marisco ou pastelaria

O IVA zero, introduzido com o objetivo de aliviar o preço de um cabaz alimentar e, em teoria, resultar numa redução de 6% na fatura das famílias, já está em vigor há quase quatro meses e tem levado a algumas mudanças no padrão de consumo dos portugueses.

Estão a levar-se mais produtos e o preço médio pago está a baixar, mas os portugueses estão também a aproveitar a ‘folga’ criada pelo IVA zero para comprarem mais produtos que estão fora da lista de itens abrangidos pela medida, como cerveja, mariscos frescos, produtos para a roupa e limpeza de casa ou pastelaria.

As conclusões são de um estudo da Kantar Portugal, analisado pela Centromarca. Os números, relativos aos seis primeiros meses de 2023, revelam que a frequência de compras aumentou  5,4% em termos homólogos, com o volume em cada compra 10,1% mais baixo e a fatura 3,7% mais alta.

Olhando só à atividade trimestral e que se tem uma visão mais notória do impacto da medida doa IVA zero: entre abril e junho, as idas ao supermercado desceram 1,4%, faze aos 3 meses anteriores, mas o volume de compras aumentou 4,1%, ainda que o aumento de valor da fatura final média tenha sido de 2,9%.

Os dados revelam que os portugueses estão a compara mais fora do cabaz IVA zero, no segundo trimestre: No que respeitava a produtos abrangidos pelo IVA zero, o aumento foi de 1% em artigos e de -4% no preço, já fora destes bens, as compras cresceram 6% em volume e 2,8% em valor médio.

Entre as categorias que mais surgem a ganhar terreno estão as cervejas, os produtos para a roupa e limpeza de casa, o marisco fresco ou a pastelaria.

O estudo revela outra tendência em crescimento: a maior procura pelas marcas do fabricante. Mas algumas categorias beneficiam mais do que outras. Por exemplo, no leite e bebidas vegetais, arroz, ou atum em lata, os portugueses estão a virar-se mais para as marcas outra vez. Já no azeita, iogurtes, manteiga ou massa, verifica-se o contrário: estão a perder terreno as marcas de fabricante.

“Os dados provam que, quando o preço deixa de ser um fator tão relevante, os portugueses não hesitam e optam pelas marcas de que mais gostam”, diz Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca. “Para estas marcas, é cada vez mais importante apostarem na sua força e reconhecimento, para serem top of mind neste momento de escolha. E aqui entram os fatores que os consumidores em Portugal já reconhecem como muito positivos nas marcas de fabricante: a capacidade de desenvolverem produtos inovadores, de se renovarem, de personalizarem a sua oferta e irem ao encontro dos vários nichos do mercado”, aponta.

Os dados apontam que, do total de gastos dos portugueses com alimentação e bebidas, 68% foi para consumo no lar. Para comerem fora, os consumidores apostam agora mais em ocasiões de consumo menos dispendiosas, como pequenos-almoços, almoços e lanches e não tanto, por exemplo, em jantares, indicam as conclusões do estudo, que apurou que 58% dos inquiridos disse ter mudado os hábitos de consumo perante a inflação e o aumento do custo de vida.

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